Christina Vital da Cunha, professora da UFF e autora do livro “Oração de traficante: uma etnografia” publicou um artigo no portal da Unisinos sobre a teologia do domínio, essa perigosa ameaça da extrema direita teocrática contra a democracia. Mas no final do texto, ela faz uma ressalva:
...vem crescendo no Brasil aqueles evangélicos críticos desta extrema direita, da politização das igrejas. Esses evangélicos críticos não defendem todas as bandeiras progressistas, mas são mais afinados com a defesa da justiça social, missão deixada por Jesus Cristo, do que com os interesses dos chamados “coronéis da fé”. Há ainda uma esquerda evangélica diversificada internamente e que se reúne em algumas denominações e comunidades, afastados da vida eclesiástica, mas com vigor na fé. Dado o crescimento evangélico na sociedade como um todo, em especial em suas bases, observaremos cada vez mais essa face evangélica na esquerda popular, engajada ou não em partidos, mas sempre em defesa da democracia e diversidade. As forças democráticas liberais ou de esquerda, acadêmicos em suas pesquisas, partidos em suas convenções, vão precisar considerar cada vez mais esses atores sociais em suas investigações e/ou ações políticas.
Lênin assinaria embaixo, uma vez que ele não cansava de alertar para a necessidade de prestar atenção às contradições presentes nos meios populares. Na época dele, o setor social mais conservador era o camponês. Mas isso não impediu que a Revolução de 1917 ocorresse graças à unidade operário-camponesa.
Lênin costumava dizer que no peito de um rude camponês pode bater um coração revolucionário. No íntimo de muitos cristãos também.
As doses diárias das pílulas ficarão suspensas até maio.
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