“É a economia, idiota”. Esta frase ficou famosa nas eleições presidenciais estadunidenses de 1992. Foi dita por James Carville, estrategista da campanha de Bill Clinton contra George Bush.
Na época, a reeleição de Bush parecia garantida graças à rápida vitória estadunidense na primeira Guerra do Golfo e ao fim da União Soviética. Mas a recessão econômica que castigava o país levou os eleitores a escolher Clinton.
Algo semelhante, mas invertido, parece estar ocorrendo nas atuais eleições municipais brasileiras. O desemprego está baixo, a renda aumentou, as projeções de crescimento do PIB subiram e a inflação quase zerou, em agosto.
Apesar disso, o PT patina nas projeções das eleições municipais. Nas capitais, por exemplo, não há nenhum favorito petista. Há várias explicações para isso, incluindo o apoio a candidaturas de terceiros devido a alianças julgadas necessárias para a “governabilidade”.
Mas, talvez, o problema seja o modo como se costuma entender a economia. Muitos a veem de forma reducionista, matemática, de curto prazo. Uma concepção que interessa aos poderosos.
Um dos criadores da economia política clássica e herói de muitos neoliberais é Adam Smith. Mesmo para ele, porém, a dimensão moral é fundamental para compreender os fenômenos econômicos. Esse tipo de reflexão aparece em sua obra “A Teoria dos Sentimentos Morais”, que os neoliberais preferem ignorar.
O problema é que a esquerda também teima em agarrar-se à macroeconomia abstrata do capital. Com isso, deixa a direita à vontade para defender seus valores conservadores e reacionários na realidade cotidiana de milhões de explorados que lutam para sobreviver.
É a economia, sim. Mas não a economia idiota dos exploradores.
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