A lembrança da Comuna de Paris foi durante muito tempo o pesadelo das classes
dominantes mundiais. E uma das lendas sobre ela atribui seu surgimento à Internacional
Comunista, sob a liderança de Marx.
Em sua biografia sobre o grande revolucionário, Francis Wheen revela o
contrário. Apesar de alguns de seus membros terem sido eleitos para a Comuna, a
Internacional nem mesmo se posicionou oficialmente sobre ela durante os dois
meses de sua duração. Apenas encarregou Marx de escrever um discurso de apoio,
que só apareceria após a derrota dos “comunardos”.
Mas por muito tempo, prevaleceu a lenda. E com base nela um
correspondente do “New York World” foi à Inglaterra, em julho de 1871. Sua missão,
“inspecionar a toca” daquele “ogro” incendiário. Chegando à residência de Marx,
relata ele:
...enquanto esperava meu anfitrião, observei
cuidadosamente um vaso na mesa lateral em busca de uma bomba. Procurava cheiro
de pólvora, mas só encontrei aroma de rosas. Rastejei sorrateiramente de volta
ao meu lugar, e esperei melancolicamente pelo pior. Ele entrou, cumprimentou-me
cordialmente e nos sentamos frente a frente. Sim, eu estava diante da revolução
encarnada, do verdadeiro fundador e espírito orientador da Associação
Internacional. Daquele que advertiu ao capital que jamais lutasse contra o
trabalho, ou teria sua casa incendiada. Em uma palavra, diante do grande patrono
da Comuna de Paris
Mas Marx também impressionou o jornalista de um outro jeito:
É só olhar para sua imensa testa, para saber
imediatamente que estamos diante da mais formidável união de forças: um
sonhador que pensa, um pensador que sonha.
Esta, certamente, foi a parte mais verdadeira da reportagem.
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