Em “Rua de mão única”, Walter
Benjamin afirma:
...que
“[a] dominação da natureza, assim ensinam os imperialistas, é o sentido de toda
técnica”. Mas a essa visão ele contrapõe outra: “A técnica não é dominação da
natureza: é dominação da relação entre natureza e humanidade.” Na segunda
versão de seu ensaio sobre “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica”, ele desenvolve uma distinção entre a primeira técnica, cujo fim é o
sacrifício da vida, e uma segunda técnica (...) calcada no jogar junto com a
natureza: “A origem da segunda técnica deve ser buscada onde o ser humano, com
uma astúcia inconsciente, chegou pela primeira vez a tomar uma distância em
relação à natureza. Em outras palavras, ela encontra-se no jogo. […] A primeira
[técnica] realmente pretende dominar a natureza; a segunda prefere muito antes
um jogo conjunto entre natureza e humanidade.” Ele nota ainda: “Justamente
porque essa segunda técnica pretende liberar progressivamente o ser humano do
trabalho forçado, o indivíduo vê, de outro lado, seu campo de ação (...)
aumentar de uma vez para além de todas as proporções...
(Acesse aqui o comentário
acima)
O jogo a que se refere
Benjamin, nas sociedades divididas em classes, torna-se luta. Luta de classes. Ou
como sintetiza com perfeição meu amigo de Facebook, Caio Almendra: “Tecnologia
é técnica mais ideologia”.
Só a partir dessa
perspectiva, podemos começar a entender o maravilhoso ou catastrófico potencial
da tecnologia. A partir do amor e do medo, mas para muito além deles.