Abaixo, mais trechos do livro “A sobrevivência dos mais ricos”, de Douglas Rushkoff. Neles, o autor descreve o que chamou de “A Mentalidade”, fenômeno que tomou conta do Vale do Silício no início do atual século.
Em vez de continuar apenas fornecendo resultados de pesquisa a seus usuários, a Google entrou no negócio ainda mais lucrativo de fornecer dados dos usuários a seus verdadeiros clientes: os especialistas em mercado que procuram abordar os usuários e manipular seu comportamento.
Da mesma forma, Mark Zuckerberg mudou sua atividade da veiculação de anúncios para a venda de dados. Quanto mais tempo e mais emocionalmente ficamos envolvidos com a plataforma, mais o Facebook aprende sobre nós para enriquecer seus investidores às nossas custas.
Nessa nova versão do capitalismo extremo, a tecnologia digital é valorizada pela sua capacidade de expandir os negócios sem necessidade de contratar muita gente. Fórmula quase exclusiva para proporcionar maiores lucros e vender a imagem de empresa inovadora, turbinando o preço das ações.
Como explicou Scott Galloway, professor de administração da Universidade de Nova York, “decidimos que capitalismo significa ser amoroso e empático com as corporações e darwinista e severo com os indivíduos”. O governo socorreu prontamente bancos e empresas na recessão de 2008 e a crise da Covid aumentou a riqueza dos bilionários de 8,9 para 10,2 bilhões de dólares apenas no primeiro ano.
A Mentalidade incentiva uma forma de “vitória” que eleve seus vencedores humanos e empresariais acima daqueles que serão necessariamente deixados para trás. Deixados para trás literalmente, já que a ideia deles é abandonar o planeta que vêm ajudando a destruir.
Doses suspensas até meados de outubro.
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