Em 27/05/2024, Ronaldo Lemos publicou o artigo “Chegou a hora da geoengenharia?”, na Folha. Segundo o colunista, geoengenharia é a “ambição de interferir no clima do planeta em escala global, para corrigir o curso do aquecimento e das mudanças climáticas”.
Por exemplo, espalhar silicato em grandes extensões da superfície do planeta para acelerar o processo de remoção de CO2 da atmosfera. Ou lançar escudos refletores no espaço para diminuir a incidência da luz solar.
Na verdade, o objetivo é deixar em paz os grandes geradores de gases de efeito estufa, já que tudo seria corrigido por soluções extravagantes como essas. Produtores de combustíveis fósseis, desflorestadores e queimadores de vegetação agradecem o empenho.
Apesar do título do artigo, a geoengenharia já foi um dos principais temas tratados na Conferência Rio+20, ocorrida em 2012. Desde então, a indústria e alguns setores da academia continuam a insistir na geoengenharia como solução. Solução para seus negócios, não para a grande maioria da população do planeta.
Intervenções em larga escala no meio ambiente envolvem inúmeras variáveis. Podem resolver um problema e desencadear muitos outros. Uma ação em certa região do planeta ameaça desequilibrar as condições climáticas em outras.
Algumas formas de energia sustentáveis até podem ser consideradas uma forma amenizada de geoengenharia. Mas nada substitui a necessidade de diminuir as altas emissões de carbono.
O pior é que a geoengenharia usa como pretexto para se justificar as cada vez mais frequentes tragédias ambientais, como a que atingiu as terras gaúchas. Típico caso de solução que faz parte do problema. Como tudo o que tenta manter intacta a insustentabilidade capitalista.
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