As festas de Natal no Brasil costumam ser tristes. Ou, pelo menos, melancólicas. Se alguém duvida, é só lembrar do cancioneiro popular. Não aquele importado do norte gelado, mas o nascido nos sertões, cidades e litorais marcados pela desigualdade social que frustra os sonhos natalinos de muita gente. Principalmente das crianças.
Pra começar, citemos alguns versos do baiano Assis Valente:
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem
Outros do paulista Adoniran:
Eu me lembro muito bem
Foi numa véspera de Natal
Cheguei em casa
Encontrei minha nega zangada, a criançada chorando
Mesa vazia, não tinha nada
Mas, talvez, devêssemos passar da melancolia à raiva. Como nessas estrofes cometidas pelos Garotos Podres em "homenagem" ao velhinho do Polo Norte:
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Pobres
Pobres
Mas nós vamos sequestrá-lo
E vamos mata-lo
Por que?
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Por que?
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Presenteia os ricos
Cospe nos pobres
Apesar disso tudo, que as festas sejam as menos cruéis possíveis. E que no ano que vem por aí, nos livremos de muitos outros velhos batutas!
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