Todo
dia, aeronaves do modelo Global 7000 [para 10 a 19 passageiros], Gulfstream
G650 [11 a 18 passageiros] e até Boeings 737 decolam com apenas um passageiro,
a maior parte a caminho dos EUA e da Rússia.
Esta mensagem de um
trabalhador aeroportuário inglês foi publicada por George Monbiot, militante
ambientalista do Reino Unido, em um artigo disponível no portal Outras Palavras.
O articulista lembra que
esse Boeing 737 ocupado apenas por seu proprietário pode transportar mais
173 passageiros e consome cerca de 25 mil litros de combustível. Energia suficiente
para abastecer uma pequena cidade africana por um ano.
Em seu destino final esses
passageiros solitários certamente se acomodarão em supercasas e passearão em superiates,
que podem queimar 500 litros de diesel por hora.
Por isso, continua
Monbiot:
Não
deveria nos surpreender o fato de que quando a Google articulou uma reunião dos
ricos & famosos no resort de Verdura, na Sicília, em julho, para discutir o
colapso climático, seus delegados chegaram em 114 jatos privados e em uma frota
de megaiates, e dirigiram pela ilha com seus supercarros.
É devido a absurdos como
esses que a filósofa belga Ingrid Robeyns criou o conceito de “limitismo”, diz o
articulista. Para ela, da mesma forma que existe uma linha da pobreza, abaixo
da qual ninguém pode permanecer, deveríamos criar uma linha da riqueza, acima da
qual ninguém poderia subir.
Monbiot avalia que aprovar
uma lei como essa seria considerada a maior blasfêmia já cometida em muitas
décadas. E ele tem toda razão. Então, blasfêmia por blasfêmia, talvez fosse melhor
apelar logo para uma guilhotina bem afiada.
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