A
combinação entre “Minha casa, minha vida” e IPI menor para carros mantém a
situação descrita pela reportagem “As cidades na ponta do lápis”, publicada no
Valor em 26/10. Entre outras coisas, o texto de Diego Viana diz que a
mobilidade urbana deficiente nas cidades brasileiras consome até R$ 40 bilhões
anuais. Já a poluição atmosférica custa até R$ 17 bilhões em doenças
respiratórias, só em São Paulo.
A
matéria só não explica que tais prejuízos atingem principalmente os trabalhadores
e a infraestrutura pública. E que esta é custeada basicamente pelos impostos
cobrados daqueles.
Afinal,
não há notícia de diminuição do faturamento dos empresários por causa do caos
urbano. Suas fábricas poluem. Os carros que fabricam entopem as ruas. A
especulação de que se beneficiam faz disparar o preço dos imóveis. Eles concentram
enormes lucros e dividem os prejuízos ambientais com a grande maioria da
população.
Nem
com o trânsito, os grandes empresários sofrem. Têm à disposição a maior frota
de helicópteros do mundo. A miséria, o estresse e o sofrimento ficam no chão.
No ar, a elite voa como abutres gordos. Apenas observam a confusão no
formigueiro lá embaixo. Devem acreditar que o que vem debaixo não pode
atingi-los. Melhor não confiar nisso. Nossas metrópoles estão se tornando
barris de pólvora.
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