O historiador José Murilo de Carvalho foi o
entrevistado do programa Roda Viva, em 22/09. Em meio a um bom debate, uma
entrevistadora lembrou um texto dele muito interessante. Trata-se de “Como
escrever a tese certa e vencer”, publicado no Globo, em 16/12/1999.
Vale a pena ler. Os 15 anos do artigo não o
desatualizaram. Destaque para seguinte trecho:
Há três regras básicas que formulo com a ajuda do
editor S.T. Williamson. Primeira: nunca use uma palavra curta se puder
substituí-la por outra maior: não é ‘crítica’, mas ‘criticismo’. Segunda: nunca
use só uma palavra se puder usar duas ou mais: ‘é provável’ deve ser
substituído por ‘a evidência disponível sugere não ser improvável’. Terceira:
nunca diga de maneira simples o que pode ser dito de maneira complexa. Você não
passará de um mero jornalista se disser: ‘os mendigos devem ter seus direitos
respeitados’. Mas se revelará um autêntico cientista social se escrever: ‘o
discurso multicultural, como ser desconstrutor da exclusão, postula o resgate
da cidadania dos povos da rua’.
O tom é irônico, claro. Carvalho não foi eleito
para a Academia Brasileira de Letras à toa. Seu rigor científico não implica concessões
à linguagem empolada de muitos charlatães universitários.
O artigo encerra-se com a seguinte recomendação:
... não deixe que seu estilo se confunda com o de
jornalistas ou outros leigos. Você deve transmitir a impressão de profundidade,
isto é, não pode ser entendido por qualquer leitor.
Muita gente anda levando a sério a brincadeira do
historiador. E não apenas na academia. Há muito disso na imprensa. E não somente
na grande imprensa. Infelizmente...
Leia o artigo na íntegra clicando aqui
Leia
também: A
gente continuamos falando direito