"Toda unanimidade
é burra", disse Nelson Rodrigues. Em 18/05, reportagem do Valor Econômico destacou
a famosa frase para dizer que há poucas unanimidades no Brasil. Mas destacou um
grande consenso que nada tem de burro. Referindo-se a uma pesquisa de opinião do
Ibope, feita no segundo semestre de 2011, o texto diz que:
Em todos os segmentos investigados
(idade, sexo, renda familiar, grau de escolaridade) e, em todo o país, o que
significa em todos os municípios e todos os estados, um único tema é a
preocupação nacional em primeiro lugar: a saúde.
A matéria se refere à
saúde pública. E ao descaso em relação a ela. Algo que fica bem demonstrado pela
reportagem “O avanço do privado”, de Maíra Mathias, publicada no site da Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Fiocruz), em 11/05:
Em 2011, 47 milhões de pessoas
buscaram a saúde privada, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde
Suplementar. No mesmo ano, o setor movimentou cerca de R$ 80 bilhões, enquanto
o orçamento da União para a saúde ficou em R$ 72 bi.
Ou seja, o setor
privado de saúde vem tomando o lugar do sistema público. Com todos os problemas
que isso causa: serviços caros, insuficientes, para poucos e que desrespeitam
constantemente os direitos dos assistidos.
Ao mesmo tempo, a saúde
não aparece na pauta da Rio+20, um evento de importância mundial. É o que diz em
entrevista ao Estadão, em 29/05, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. Segundo
ele, os efeitos da destruição ambiental para a saúde são enormes e graves:
A consequência imediata da redução
da biodiversidade é a exposição maior do ser humano ao surgimento de doenças
emergentes, como hantavirose. O aquecimento global leva a agravos diretos, como
é o caso das doenças pulmonares associadas à poluição. Áreas de clima
temperado, onde antes não circulavam vetores da malária, dengue, passam a ter
condições climáticas para a expansão desses mosquitos. Há uma relação
simbiótica entre saúde e ambiente. E a face mais visível é a deterioração da
qualidade de vida e da saúde. A escassez de água aumenta contaminações, casos
de cólera, esquistossomose. A ocupação desordenada faz com que as pessoas se
tornem mais vulneráveis às doenças. É central pensar a saúde e o
desenvolvimento sustentável.
O fato é que a inteligência
dos poderosos está a serviço de uma unanimidade que interessa a poucos: a busca
do lucro.
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