Em
setembro de 1918, Rosa Luxemburgo escreveu algumas notas que ficaram conhecidas
pelo título “A Revolução Russa”. O texto faz uma crítica fraternal, mas muito firme,
de várias medidas tomadas pelos bolcheviques em seus primeiros meses de governo.
As
divergências de Rosa se relacionam, especialmente, às questões agrária e das nacionalidades,
assim como ao que ela considerou serem restrições à liberdade política dos trabalhadores.
Mas
pessoas muito próximas à autora, como Clara Zetkin, afirmaram que estas
críticas já vinham sendo revistas por ela mesma. Afinal, Rosa fez suas anotações
no isolamento de um cárcere alemão, com acesso restrito aos detalhes sobre a situação
na Rússia.
Além
disso, o texto veio à luz em 1922, três anos após a morte de Rosa. O responsável
pela publicação foi Paul Levi, que travava uma luta ideológica com a direção do
Partido Comunista alemão. Fator que, certamente, pesou mais do que qualquer respeito
às preocupações teóricas de sua autora.
De
qualquer modo, no final do texto Rosa reconhece o acerto da ousadia política dos
bolcheviques durante o processo revolucionário russo. “Nesse sentido”, ela faz questão
de enfatizar:
...o
que permanece seu mérito histórico imperecível é que conquistando o poder
político e colocando o problema prático da realização do socialismo abriram o
caminho ao proletariado internacional e fizeram progredir consideravelmente o
conflito entre capital e trabalho no mundo inteiro. Na Rússia, o problema só
podia ser posto. Não podia ser resolvido na Rússia, ele só pode ser resolvido
em escala internacional. E, nesse sentido, o futuro pertence em, toda parte, ao
“bolchevismo”.
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