Doses maiores

25 de março de 2025

Do identitarismo judeu ao identitarismo econômico

Hannah Arendt costumava dizer que “se você é atacado como judeu, é preciso se defender como judeu. Não como alemão, ou cidadão do mundo ou pelos direitos humanos, ou algo assim...”

A frase foi citada por Naomi Klein em seu livro “Doppelgänger” para mostrar como a opressão obriga suas vítimas a reduzir a complexidade e multiplicidade de sua condição humana a algumas poucas dimensões.

Basta trocar a condição de judeu pela de mulher, negro, indígena, homossexual, para termos uma ideia de como a hegemonia dominante aprisiona, divide e amesquinha as lutas das classes subalternas.

Como diz Naomi, “qualquer divisão identitária pode ser instrumentalizada para cumprir essa função: judeus contra negros, negros contra asiáticos, muçulmanos contra cristãos, feministas contra transexuais, imigrantes contra nacionais”.

A autora também cita Rosa Luxemburgo. Judia como Hannah, Rosa dizia que os judeus perseguidos a preocupavam exatamente na mesma medida que “as vítimas das plantações colombianas ou o povo negro da África escravizado pelos europeus”. “Não tenho um lugar especial no meu coração para o gueto judeu, disse ela. Me sinto em casa, em qualquer parte do mundo, onde há nuvens, pássaros e pranto humano”.

Mas é a exploração capitalista que cria o mais universal e redutor dos identitarismos. Aquele que rebaixa bilhões de pessoas à condição de meras vendedoras de força de trabalho e compradoras de mercadorias, privando-as dos elementos culturais que as tornam humanas.

Restringir o combate anticapitalista a lutas fragmentadas ou à falsa generalidade da resistência à exploração econômica é reduzir imensamente as possibilidades da emancipação humana universal.

As pílulas vão sofrer uma pausa de algumas semanas.

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19 de março de 2025

A Europa e a economia armamentista permanente

“Parlamento alemão aprova superpacote de gastos”, dizem as manchetes, referindo-se a um aumento de despesas públicas com armamentos, envolvendo recursos entre 1 trilhão e 1,5 trilhão de euros.

A aprovação exigiu uma alteração constitucional que flexibilizou o chamado “freio da dívida” alemã. É o equivalente de nosso teto orçamentário, que limita o endividamento governamental com o pretexto de combater desperdício de dinheiro público. Na verdade, os cortes concentram-se nos recursos para serviços públicos e programas sociais.

Agora, o “freio da dívida” alemã não vale mais para os gastos com defesa, que passam a ser ilimitados. Resumindo, tem dinheiro público para mísseis, caças, tanques, ogivas nucleares, porta-aviões. Não tem para hospitais, escolas, assistência social, aposentadorias...

A decisão vem na esteira de um plano da Comissão Europeia para rearmar a região, aprovado pelos 27 Estados-membros da União Europeia, em 07/03/2025.

A desculpa é preparar os países europeus para possíveis tensões militares provocadas pelo alinhamento entre Trump e Putin. A verdade é que o capital precisa de guerras, não de bem-estar social.

O marxista Tony Cliff, por exemplo, adotou o conceito de “economia armamentista permanente” para explicar o funcionamento do capitalismo contemporâneo. Como se sabe, a exploração imposta pelo capitalismo torna impossível que sejam consumidas todas as mercadorias que ele produz. Os gastos em guerras são uma das saídas para esse problema.

Despesas com armas e tecnologia militar destroem capital, ao mesmo tempo em que elimina, literalmente, força de trabalho humana. Não à toa, a crise de 1929, a pior do século 20, desembocou na Segunda Guerra Mundial, o maior conflito bélico da história. O maior até agora.

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18 de março de 2025

Naomi Klein e o espelhamento fascista

O mais recente livro de Naomi Klein chama-se “Doppelgänger”, uma palavra alemã para o fenômeno em que uma pessoa encontra uma sósia sua, só que com atitudes e valores opostos.

No caso de Naomi, seu problema é ser xará de Naomi Wolf. Uma acadêmica que iniciou sua carreira criticando o capitalismo, mas se tornou seguidora de Donald Trump.

A coincidência dos nomes foi turbinada pelas redes virtuais. Klein passou a ter suas firmes posições de esquerda confundidas com as de Wolf. Difícil imaginar algo mais assustador.

Mas isso só pôde acontecer porque Wolf espelha e distorce sua retórica antissistema para defender posições de extrema-direita. Não à toa, o título complementar do livro de Klein é “Uma viagem através do Mundo-Espelho”.

Em um trecho, ela diz que estamos vivendo em:

... um mundo refletido num espelho no qual a sociedade é dividida em duas e cada lado se define como o oposto do outro: o que quer que um lado diga e acredite, o outro parece forçado a dizer e acreditar exatamente o oposto.

Àquilo que chamamos de “polarização política” Naomi dá um caráter mais preciso ao tratá-la como espelhamento.

O espelhamento é uma especialidade fascista. Foi assim quando Mussolini imitou métodos de agitação que aprendeu quando era militante do partido socialista italiano. O mesmo aconteceu quando a palavra “socialista” foi incluída no nome do Partido Nacional-Socialista alemão.

A extrema-direita espelha e distorce os valores socialistas para instrumentalizar a justa ira dos trabalhadores contra sua situação social em favor do capitalismo.

Quebrar esses espelhos é um dos nossos grandes desafios.

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17 de março de 2025

Elon Musk, Asperger e síndrome de nazismo

Em maio de 2021, Elon Musk declarou ser portador da síndrome de Asperger, que faz parte do chamado Transtorno do Espectro do Autismo. Em janeiro de 2025, ele fez um gesto nazista em um evento organizado por Donald Trump. Seus defensores logo apareceram com várias desculpas esfarrapadas para tentar esconder o significado do ato. Entre elas, sua condição de autista.

O transtorno psicológico que Musk alega ter foi identificado cientificamente pela primeira vez por Hans Asperger, em 1944. Pediatra, Asperger foi um dos pioneiros no estudo sobre neurodiversidade durante o período da chamada Viena Vermelha, entre 1918 e 1934. Nessa época, o Partido Socialdemocrata governou a capital austríaca e implementou diversas políticas públicas progressistas em áreas como saúde, educação, habitação e transporte.

Após a Segunda Guerra Mundial, Asperger alegou ter se oposto aos nazistas, atuando na proteção de crianças consideradas anormais contra medidas de higiene racial. Ocorre que em 2018, foram descobertas fortes evidências de sua colaboração na execução de políticas de eugenia e eliminação de crianças com deficiência, entre outras barbaridades.

Nada disso invalida os avanços obtidos a partir das descobertas feitas pelo cientista vienense. Além disso, o trabalho dele fez parte de um esforço coletivo dos trabalhadores austríacos por melhores condições de vida e combate ao supremacismo ariano. Asperger não foi o primeiro nem o último a ter prestado bons serviços à sociedade antes de se render ao fascismo.

Ao tentar esconder o nazismo de Musk por trás de uma condição neurológica que afeta dezenas de milhões de pessoas, seus seguidores mostram-se tão indignos e desprezíveis como ele. Ou como Asperger.

Leia também: O poder paralelo de Elon Musk e outros magnatas

14 de março de 2025

Estados Unidos: o Estado a serviço do fascismo

Está no Facebook o artigo “Hoje os servidores públicos norte americanos e depois nós: efeito Orloff”, de Ricardo Queiroz. Começa assim:

Trump e Musk não estão apenas desmantelando o Estado americano. Estão construindo um modelo. Um protótipo. Um experimento de laboratório que a direita internacional poderá replicar onde for conveniente. O que acontece hoje nos EUA não é uma exceção: é um ensaio. E a intenção é clara – transformar a destruição do serviço público em um espetáculo bem-sucedido, pronto para ser exportado.

O texto oferece um bom pretexto para combater o mito de que o fascismo defende a estatização generalizada da economia. O fato é que os regimes fascistas na Itália e na Alemanha privatizaram várias empresas estatais, logo que chegaram ao poder. Era preciso agradecer o apoio que receberam das burguesias italiana e alemã, entregando-lhes o patrimônio público.

Estatizações estão muito longe de ser a solução para as profundas contradições da sociedade capitalista. Mas a entrega do patrimônio público aos grandes predadores do mercado é muito pior.

Segundo Queiroz, abandonar o Estado “à sanha privatista de Trump e Musk é aceitar a falácia de que a destruição do público tornará tudo mais eficiente. Não tornará”, diz ele. Não é bem assim. A “destruição do público” pode trazer mais eficiência, sim. Mas a eficiência a serviço de um Estado voltado exclusivamente aos interesses das classes dominantes, ainda mais repressivo em relação à organização política dos explorados e oprimidos e apostando pesado em políticas socialmente genocidas e ecologicamente apocalípticas.

A situação é assustadora. O fascismo está voltando com tudo em pleno centro do capitalismo mundial.

Leia também: O tudo ou nada de Trump

13 de março de 2025

Só o proletariado pode derrotar o fascismo

Em junho de 1923, ao discursar no Congresso da Internacional Comunista, a revolucionária alemã Clara Zetkin advertiu:

O fascismo não é de modo nenhum a vingança da burguesia contra um proletariado que se tivesse insurrecionado de maneira combativa. Sob um ponto de vista histórico e objetivo, o fascismo ocorre, sobretudo, porque o proletariado não foi capaz de prosseguir sua revolução.

Esta afirmação continua válida. É verdade que não havia qualquer revolução em curso quando começou a atual onda conservadora que se tornou fascista. Mas não podemos esquecer as revoltas que vieram na esteira da crise econômica de 2008, com inúmeras revoltas, paralisações e greves em países como Grécia, Turquia, Egito, Tunísia, Espanha, Estados Unidos e Brasil, entre 2010 e 2013.

Que tais revoltas não tenham dado início a processos revolucionários significou uma grande derrota para a esquerda mundial. Que o vazio deixado por essa derrota tenha sido ocupado por forças de extrema-direita foi uma vitória do grande capital.

De qualquer maneira, a fala de Clara Zetkin mostra que a derrota do proletariado é condição necessária para permitir que a burguesia faça uso do fascismo sem freios e constrangimentos.

Os regimes fascistas apresentam as condições ideais para o domínio do capital. Quando isso não é possível, a democracia parlamentar/eleitoral é apenas tolerada pela burguesia, não almejada por ela. Mesmo as conquistas e direitos mais limitados foram arrancados com muita luta e mantidos a ferro e fogo pelas classes subalternas.

Não há vitória do fascismo sem derrota do proletariado. Não há vitória da luta antifascista sem o protagonismo dos explorados.

Leia também: Forte declive à direita, rumo ao fascismo

12 de março de 2025

A ruptura necessária e urgente

Na série “Ruptura”, da Apple TV, uma empresa de tecnologia utiliza um procedimento em seus funcionários que separa as memórias de seu trabalho daquelas de sua vida particular. 

Em tempos de escala 6x1, em que muitos mal têm tempo para ter uma vida particular, é provável que muita gente considerasse essa amnésia laborativa uma verdadeira benção.

Mas um dos elementos interessantes da série é a tarefa que seus personagens principais executam. Em uma tela de computador, eles precisam selecionar números até que uma combinação aparentemente aleatória os faça desaparecer. Uma atividade sem um objetivo claramente definido.

Entre os fãs da atração circulam várias teorias sobre a misteriosa tarefa. Uma delas é a de que os funcionários estão participando de um processo de aprendizado de máquina, gerando algoritmos voltados para propósitos desconhecidos.

Seja qual for a explicação, na vida real esse tipo de coisa já existe faz tempo. Em seu livro “A Fábrica Digital”, Moritz Altenried estima que há 20 milhões de pessoas fazendo etiquetagem de dados para empresas como Google, Amazon e Tesla. Uma função que os algoritmos têm muita dificuldade de desempenhar.

O pagamento é feito por tarefa e acredita-se que a remuneração média seja inferior a dois dólares por hora. São trabalhadores que estão, principalmente, em países como Índia, Uganda, Palestina, Venezuela, Quênia e Líbano.

Essa atividade conhecida como trabalho com microdados não passa de precarização profissional. Está por trás do que muita gente pensa ser o funcionamento da inteligência artificial, mas é escravidão digital. Mais uma evidência de que a ruptura de que precisamos urgentemente é com o domínio do capital.

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11 de março de 2025

Forte declive à direita, rumo ao fascismo

...esse “cinturão” não impede que todo o espectro político se mova cada vez mais para a direita e que as forças do centro –e mesmo socialdemocratas e verdes– assumam bandeiras, slogans, postulados e discursos promovidos pela extrema direita. Se todo o espaço político se torna mais conservador, há uma transferência comprovada em grande parte da Europa em que os socialdemocratas se tornam mais centristas, o centro se torna mais conservador e a direita se aproxima de posições mais extremas, beirando, por exemplo, a xenofobia.

O trecho acima é do artigo “O vendaval extremista na ‘Europa alemã’”, recentemente publicado por Sergio Ferrari. O “cinturão” a que ele se refere é um compromisso assumido pelos maiores partidos alemães de não compor coalizões governamentais com partidos neonazistas como o Alternativa para a Alemanha.

Mas como diz Ferrari, se todo o espaço político se torna mais conservador, carrega com ele todo o resto. É como aqueles esconderijos dos vilões da versão televisiva do Batman, que tinham o chão sempre inclinado para o lado direito.

Atualmente, o mundo inclina-se fortemente à direita, com pesos pesados como Trump, Netanyahu, Putin e outros se juntando num dos lados e fazendo escorregar em sua direção adversários cujas convicções antifascistas são leves demais para fazer o contrapeso.

Mas isso não é novo. Os liberais, democratas e legalistas sem compromisso de classe com os de baixo nunca foram capazes de enfrentar o fascismo. Ao contrário, sempre buscaram formas de conciliar com seus defensores.

Não tem Batman do nosso lado. A experiência histórica mostra que só os explorados e oprimidos são capazes de derrotar o fascismo.

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10 de março de 2025

Vivemos o auge do pensamento neoliberal

O neoliberalismo tornou-se alvo de muitas críticas após crises como a de 2008 e a causada pela Pandemia. As maravilhas prometidas pelas privatizações transformaram-se em frustrações, o livre mercado revelou-se como a cruel ditadura de poucos monopólios. Critica-se o neoliberalismo em conversas de bares, almoços de família, em partidos de esquerda e de direita e em filmes, séries e atrações de entretenimento em geral.

No entanto, é possível dizer que vivemos o auge do pensamento neoliberal. É o que, por exemplo, diz Douglas Rodrigues Barros em recente artigo sobre o livro “Doppelgänger”, da jornalista canadense Naomi Klein. Um trecho do texto afirma:

Diante de um mundo em dissolução, sem garantias sociais, o bem-estar social tornou-se bem-estar individual. A luta pelo corpo tornou-se uma competição em que se acredita ter um mínimo controle frente à sociedade em perpétuo descontrole. Resta o investimento no eu como fuga dos infortúnios de um mundo em ebulição.

Estabelecida a materialidade neoliberal, o desgaste das frustrações que ela trouxe foi compensado pela permanência de sua racionalidade. Desse modo, a revolta social que despertou foi apropriada pela extrema direita para fazer a defesa do individualismo selvagem, da competição darwinista, da meritocracia racista, da opressão patriarcal e da subversão fascista.

A luta contra o neoliberalismo começou a ser derrotada quando desprezamos seus efeitos ideológicos para nos concentrar apenas em suas manifestações econômicas. E não foi por falta de aviso. Há mais de 40 anos, em 1981, ninguém menos que Margareth Thatcher deixou tudo muito claro, ao afirmar: “A economia é o método. O objetivo é mudar a alma”.

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O cinismo neoliberal e a normalização do ódio
Com o neoliberalismo na alma

8 de março de 2025

O que deixamos de aprender com Trotsky

Trotsky dizia que aprendeu tudo o que precisava saber sobre uma organização revolucionária com cinco trabalhadores. Um deles sempre foi um militante socialista, defensor intransigente dos oprimidos, à frente de qualquer luta dos explorados. Outro deles era um reacionário nato. Havia nascido e morreria sendo um fura-greve. Mas, os outros três trabalhadores não eram nem revolucionários nem reacionários. Às vezes, eram influenciados pelo reacionário, às vezes, pelo revolucionário. Ficavam no meio dos dois, sempre em disputa.

Segundo Trotsky, o objetivo de uma organização revolucionária é empurrar os trabalhadores que ficam no meio para perto do militante revolucionário. E oferecer a este organização, consciência e conhecimento sobre as tradições de luta. Elementos que lhe permitam conquistar os trabalhadores em disputa e isolar a direita.

O fascismo, especialista em espelhar e distorcer os métodos socialistas a favor de seus objetivos, faz o mesmo trabalho de isolar a militância de esquerda e empurrar as pessoas que vacilam para perto de suas organizações. Mas com uma grande diferença. O fascismo conta com um ecossistema social e político extremamente favorável. Esse ambiente propício surgiu de décadas de domínio ideológico do neoliberalismo e de um Estado omisso ou cúmplice em relação aos crimes do fascismo. Mas também, e principalmente, das contradições internas dos setores explorados e oprimidos, que os levaram a abandonar o terreno de combate e a ser derrotados em várias frentes de luta.

O que Trotsky defendia não era mais do que a necessidade de travar uma disputa de hegemonia com as classes dominantes que vá muito além das disputas eleitorais e da ocupação de postos governamentais.  

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6 de março de 2025

Combate às drogas espalha criminalidade e violência social

Em editorial publicado em 24/02/2025, o Globo afirma ser “alarmante a diversificação das atividades do crime organizado, constatada em relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Embora o tráfico de armas e drogas continue sendo um negócio central para os criminosos, continua o texto, a receita obtida com a venda ilegal de diversos outros produtos é muito superior”.

Em seguida, afirma que:

A atuação nos mercados ilegais de ouro, combustível, bebidas, tabaco e cigarros - à margem do Fisco e sem qualquer controle de qualidade rendeu R$ 147 bilhões às organizações criminosas em 2022, ante R$ 15 bilhões faturados no tráfico de cocaína. Entre julho de 2023 e julho de 2024, (...) elas ganharam ainda mais dinheiro com outra atividade que anda em alta: faturaram R$ 186 bilhões em golpes digitais, furtos e roubos de celulares crimes que se complementam.

Agora, que a venda ilegal de drogas já os alavancou financeiramente, traficantes e milicianos podem se dedicar a muitas outras atividades. O combate à legalização das drogas não só não as eliminou, como ampliou a presença da criminalidade em diversas atividades legalizadas.

Parabéns a todos os envolvidos, incluindo o jornalão carioca. Ironias à parte, o objetivo das políticas de combate às drogas nunca foi diminuir seu comércio, mas reforçar a repressão policial-militar contra pobres e não brancos e encher os cárceres com pessoas dessa parcela da população.

Os conservadores gostam de dizer que os entorpecentes leves são a porta de entrada para os mais pesados. Mas é a brutalidade do combate às drogas que escancarou o caminho para a brutalização da vida social.

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