Em 24/11, Sylvia Colombo publicou a matéria “Em livro,
professor de Yale reconstrói história da Comuna de Paris”, na Folha S. Paulo. A
reportagem é sobre o livro "A Comuna de Paris", de John Merriman,
recém-lançado no Brasil.
Segundo a jornalista, o título em português não “traduz o
tom dramático do relato”. Realmente, a obra em inglês chama-se “Massacre”, título
mais preciso em relação ao que aconteceu em Paris, em 1871. Após 72 dias de
poder popular foram mortas cerca de 15 mil pessoas, enquanto os “communards” executaram
68 prisioneiros. Por isso, Merriman, conclui:
Os assassinatos cometidos pelos que integravam a comuna
são deploráveis, mas a repressão foi tão brutal que ficou evidente a
desproporção que a violência pode tomar quando é o Estado quem se prontifica a
matar. Por isso, creio que o episódio oferece chaves para entender vários
massacres do século 20.
Difícil discordar. Dos “holocaustos coloniais” e a
escravidão negra às matanças promovidas pelo nazifascismo. Dos genocídios indígenas
nas Américas à bomba de Hiroshima. Das grandes fomes chinesa e soviética à
mortandade africana. Por trás dessas e de muitas outras carnificinas estavam as
garras do Estado.
Não à toa, a mais recente e estúpida manifestação de
terrorismo, a dos “jihadistas”, quer construir seu próprio estado. Tão carniceiro
quanto os de seus inimigos europeus, asiáticos e norte-americanos.
O Estado é uma necessidade histórica criada pela opressão
de classe. Mas a humanidade só precisou dele em cerca de 10% de sua existência.
Enquanto não nos livrarmos de toda e qualquer dominação social e seu principal instrumento,
continuaremos a afogar nossa espécie em seu próprio sangue.
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Islâmico