Doses maiores

3 de dezembro de 2010

Pro dia nascer feliz, em Manari

Em 2006, João Jardim lançou o documentário “Pro dia nascer feliz”. O filme acompanha o sistema educacional brasileiro desde a miséria dos sertões até o ensino dirigido aos filhos das famílias mais ricas do País. Mostra que em todos esses níveis é difícil ver alguma coisa que possa ser chamada de pedagogia. Ou seja, a formação de indivíduos capazes de desenvolver plenamente seus potenciais criativos e sociais.

O documentário poderia levar o espectador mais sensível ao desespero. Mas, esse sentimento dá lugar à esperança que surge da grande capacidade de resistência dos jovens envolvidos. Entre eles, Valéria Fagundes, nascida no município pernambucano de Manari, o mais pobre do Brasil. A produção de Jardim mostra a talentosa jovem de 17 anos enfrentando a dura realidade sertaneja com ajuda da leitura de Vinícius, Bandeira e Drummond. Transformando sua determinação em belos textos poéticos, cheios de sensibilidade e coragem.

Quatro anos depois, Valéria continua na luta. Faz faculdade de jornalismo em Recife. Não esquece sua sofrida Manari. A vida melhorou um pouco por lá. A exposição na mídia como cidade mais pobre do País trouxe algum investimento. Nada que modificasse muito a situação. É isso que Valéria quer mostrar em um documentário que está dirigindo. Mas não só. Ela diz que seu lugar de nascimento tem muitas e belas histórias para contar.

Lá, de onde menos se deveria esperar, é que surgem as mais bonitas certezas. Entre elas, aquela que cantou Cazuza. “Pro dia nascer feliz” não se pode ter medo de viver “por um triz”.

Leia mais em http://www.cartacapital.com.br/cultura/manari-por-ela-mesma

Sobre o documentário de João Jardim: Pro dia nascer feliz, quando parece impossível

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