“Mundo terá 342 milhões de pessoas
em situação de pobreza em 2030”, diz matéria de Lucianne Carneiro, publicada no
Globo em 22/09. Refere-se ao relatório “Investimentos para acabar com a
pobreza”, apresentado na última Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Entre as muitas informações
importantes, uma delas diz que a África Subsaariana deve passar o Sudeste da
Ásia como a região com maior número de miseráveis do mundo. Em 2030, diz o
estudo, a região deverá responder por 80% deles. Ou seja, ao continente negro não
bastou ter seus filhos sacrificados às dezenas de milhões para viabilizar o
sistema mais rico e cruel da história humana.
Mas, talvez, o mais
surpreendente não sejam tais números. Infelizmente, já nos acostumamos a eles.
O que deveria chamar a atenção é esta informação:
Uma das principais fontes de
recursos para a redução da pobreza vem da ajuda oficial ao desenvolvimento
(ODA, na sigla em inglês). O valor chegou a US$ 148,4 bilhões em 2011 e cerca
de dois terços vêm de cinco países: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha,
França e Japão.
A filantropia que vem de cima
é assim. Aqueles que doam, emprestam migalhas a si mesmos. Sustentam o sistema que
lhes garante fartos banquetes. Para cada dólar ofertado pelo seleto grupo do
“ODA”, milhares de dólares mantêm e reproduzem uma gigantesca injustiça social no
mundo.
É aquela caridade que Gonzagão
afirmava matar de vergonha o cidadão. Ou como disse Virginia Fontes em seu livro
“O Brasil e o Capital-Imperialismo”, “forja a ‘virtude cidadã’ que destroça
direitos em nome da urgência e da miséria”.
Leia também: Migalhas
e um pote até aqui de mágoa
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