Para quem se entusiasmou com o acordo entre Irã e Turquia patrocinado pelo Brasil, seria bom lembrar alguns momentos da política externa brasileira.
Em 1861, D. Pedro II recusou convite do presidente Lincoln para participar de uma invasão do México, então ocupado por tropas de Napoleão III. Só lhe interessava a parte sul do continente.
Em 1909, o Barão do Rio Branco ameaçou romper as relações com os Estados Unidos, caso seu governo continuasse a pressionar o Chile a pagar US$ 1 milhão a uma empresa norte-americana.
Em 1974, o ditador Ernesto Geisel assinou o Acordo de Cooperação Nuclear com a Alemanha, apesar dos fortes ataques da imprensa e do Congresso estadunidenses.
Em 1982, outro ditador, general Figueiredo, declarou apoio à Argentina contra a Inglaterra na Guerra das Malvinas. O objetivo era entregar a exploração do petróleo das ilhas para a Petrobrás.
Em janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso negociou um cessar-fogo em conflito armado entre tropas do Equador e do Peru.
Em junho de 2001, o mesmo Fernando Henrique declarou que o “Mercosul é mais que um mercado. O Mercosul é, para o Brasil, um destino”. Na época o ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger, disse que essa posição significava um potencial conflito entre Brasil e os Estados Unidos sobre o controle do Cone Sul.
Em nenhum desses momentos estavam em jogo convicções anti-imperialistas ou pacifistas. O objetivo maior sempre foi viabilizar os lucros de capitais sediados no Brasil. Aqui ou em pedaços disponíveis do planeta.
O Estado brasileiro não ficou menos imperialista porque seu comando hoje é petista. Ao contrário, aumentou a pretensão de entrar para o clube dos imperialistas seniores.
Leia também: O Irã e o “imperialismo jr.” brasileiro
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