Em 10/06, Olga de Mello publicou matéria no Valor, sob o título “A dupla jornada e o feminismo”. A reportagem destaca um velho problema, que atinge quase todas as mulheres. Não basta ganhar menos, mesmo quando a escolaridade é igual ou superior à dos homens. As mulheres também acabam se encarregando dos afazeres domésticos e maternais muito mais de que seus companheiros.
É uma regra que costuma valer para todas as faixas de renda. Mas, não no mesmo grau. Afinal, as mulheres com renda familiar maior contam com um meio de aliviar sua carga de trabalho. Trata-se da contratação de empregadas domésticas. Segundo a reportagem, são cerca de 6,2 milhões de brasileiras trabalhando nessa ocupação.
O problema é que o número de domésticas vem caindo devido ao crescimento da oferta de empregos em outros ramos. Logo que pode, o contingente feminino de menor renda e qualificação foge dos serviços domésticos. Abandona uma forma de ganhar a vida fortemente influenciada por nossa herança escravocrata. Babás, empregadas, faxineiras sendo facilmente confundidas com mucamas e escravas.
Trata-se de uma contradição muito interessante. O diferencial de salários entre mulheres e homens beneficia o capitalismo. O diferencial de renda entre as próprias mulheres, também. Leva à exploração de umas pelas outras na forma de serviços domésticos mal pagos e cansativos.
Esta situação só começaria a ser resolvida através de uma rede pública de creches, refeitórios e lavanderias. Algo que a economia de mercado não é capaz de oferecer. Por isso, as trabalhadoras precisam se unir. Contra a dupla jornada de trabalho, a dupla jornada contra o machismo e a exploração capitalista.
Leia também: “Então, não sou uma mulher?”
Muito legal encontrar um post sobre essa temática num blog escrito por um homem: obrigada! Acabo de escrever sobre o assunto e adoraria ter sua opinião entre os comentários para criarmos uma conversa sobre isso, topa?
ResponderExcluirSegue o link:http://blogdodesabafodemae.blogspot.com/2011/11/dupla-jornada-continua.html