Nem todo mundo consegue desfrutar de seu direito a férias. Para isso, é preciso estar trabalhando, com carteira assinada em uma empresa que respeite as leis trabalhistas. Uma combinação cada vez mais rara.
Por outro lado, mesmo quem conta com essa possibilidade nem sempre a utiliza para descansar. Como sabemos, a raiz da palavra “negócio” é a negação do ócio. Mas no mundo em que vivemos, os negócios vêm invadindo o espaço do ócio sem pedir licença.
Como em tempos de guerra, podemos ser convocados a qualquer momento. São os celulares e outras formas de comunicação em permanente alerta. É a prontidão para responder ao cliente, ao chefe, ao patrão.
Não bastasse isso, férias também se tornaram sinônimo de momento para a qualificação profissional. É o que mostra a matéria “Férias podem ser oportunidade de investir na carreira”, de Letícia Arcoverde, publicada no Valor em 27/12/2011.
Segundo a reportagem, durante as férias do começo do ano muitas escolas “oferecem cursos de curta duração para profissionais que querem se atualizar, fazer uma especialização ou até mudar de área”.
Entre os cursos oferecidos, está o de “voice training”, voltado para “disfarçar o sotaque”. Diante disso, só faltam aulas que nos ensinem a manter o tom de voz calmo e tranquilo nas situações profissionais mais desesperadoras.
Quanto àquela esperança de conhecer pessoas que não falem apenas de trabalho, esqueça. Segundo a reportagem de Letícia, o descanso remunerado pode ser aproveitado para aumentar seu “networking”. Aquela rede de pessoas que pode possibilitar contatos profissionais proveitosos.
Só faltam cursos para nos convencer do improvável prazer de passar as férias “carregando pedras”.
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