Aproveitando a Jornada
Mundial da Juventude e a presença de seu chefe supremo, a Igreja Católica distribuiu
o chamado "kit peregrino". Ele inclui o "Manual de Bioética para
Jovens", que trata de temas como família, aborto, reprodução assistida,
eutanásia e homossexualidade.
A publicação não é só conservadora.
Também é incoerente. Diz que o aborto é um crime, mas a própria Igreja Católica
considerou aceitável a interrupção da gravidez por muitos séculos. Só a partir
de 1968 deixou de condená-la.
A contradição também é grande
em relação à homossexualidade. O manual afirma: “Desconectar o sexo do gênero e
considerar que a identidade sexual repousa apenas sobre o gênero resulta em
apagar uma evidência anatômica. O nosso corpo mentiria para nós?”.
O problema é que a maioria
dos cristãos sempre foi orientada a suspeitar de seus apetites físicos. A temer
os “caprichos da carne” e a confiar na “pureza do espírito”. Nossos corpos não
apenas mentiriam, como seriam perigosos. Por que eles nos diriam toda a
verdade, agora?
Mas nada disso importaria,
não fosse a insistência da igreja católica em tentar transformar seus dogmas em
leis. A ética costuma servir de base para a moral e o direito. Mas a moral
define normas às quais podemos aderir ou não. O direito estabelece regras que são
obrigatórias.
O Vaticano pode até se achar
no direito de cobrar obrigações morais a seus fiéis. Jamais transformar seus
dogmas em leis que se imponham aos que não lhe devem obediência. É mais um
péssimo costume, produto da moral autoritária da Igreja Católica.
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