Em 24/08, sessenta anos
atrás, morria Getúlio Vargas. A data foi muito comentada na grande imprensa.
Mas a presidenta Dilma foi particularmente infeliz ao chamar o ex-presidente de
“grande democrata”.
Não é o que mostra a
excelente biografia recém-lançada por Lira Neto sobre Vargas. Ele chefiou uma
ditadura por 15 anos. Fechou partidos e jornais. Autorizou a prisão e tortura
de milhares de pessoas, principalmente comunistas.
Quando Vargas voltou ao poder
pelo voto popular, teve enorme dificuldade para governar com o parlamento
aberto e a imprensa livre. Ainda que ambos fossem dominados por gente ainda
pior que ele.
Se há algo inegável sobre
Getúlio é sua genialidade política. Sob seus governos, ele aperfeiçoou a
dominação burguesa no Brasil. E fez isso contra a vontade de grande parte da
própria burguesia. Por isso, disse certa vez: “Estou tentando salvar esses
burgueses burros e eles não entenderam”.
E do quê Vargas queria salvar
a burguesia? Dos movimentos sociais, do povo revoltado.
Getúlio trocou as patas de
cavalo na relação com os movimentos sociais pela cooptação. Substituiu a
arrogância elitista pelo apelo ao povo, por cima de partidos e instituições. Criou
um Estado que funciona perfeitamente até hoje quando o objetivo é servir ao
grande capital.
Eleito para o segundo mandato,
Vargas foi saudado com uma marchinha de carnaval que fez enorme sucesso. Ela
dizia “O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”. Alguém capaz de manter
milhões sob exploração pela força de seu sorriso também era um gênio da disputa
hegemônica.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário