Na cidade de Kobane, região da Rojava, no norte da Síria, há um oásis de luta
libertária. Ele surgiu quando seus habitantes expulsaram os representantes da
ditadura Assad da cidade, em 2011. A partir daí, foram criadas assembleias
populares e conselhos compostos paritariamente por curdos, árabes, assírios e armênios
cristãos. Todos com representação feminina garantida. Trata-se de uma espécie
de comuna anarquista, que tenta armar todos os seus membros para não precisar
de polícia, exército e muito menos de um Estado.
Além disso, em pleno mundo islâmico, foi formado o exército feminista “União de
Mulheres Livres – Estrela”. Suas integrantes foram responsáveis por grande
parte das operações que expulsaram as temidas forças do Estado Islâmico de
Kobane, em janeiro passado. Para os “jihadistas”, a derrota foi desastrosa porque
desmentiu sua fama de invencibilidade. Mas foi ainda mais doloroso perder para mulheres,
a quem desprezam e querem ver oprimidas e não utilizando armas com grande habilidade.
Infelizmente, essa corajosa iniciativa revolucionária deve atrair inimigos de
todos os lados. Além dos Estado Islâmico e as potências da região, como a
Turquia, também os membros da OTAN. O objetivo da guerra na Síria é substituir
uma ditadura por outra. Não permitir que surjam e prosperem comunas libertárias.
A experiência curda lembra a Comuna de Paris, o início da revolução dos sovietes
e a resistência espanhola contra o fascismo.
Talvez, possa se mostrar tão fundamental como essas outras experiências
históricas. Mesmo derrotadas, elas deixaram conquistas que incomodam os
poderosos até hoje. Que o oásis curdo faça
florescer muitos jardins nos desertos de injustiças em que vivem os povos do
mundo.
Leia mais em: DavidGraeber narra Revolução de Kobane
Leia também: O
sotaque inglês do monstro islâmico
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