Trecho da reportagem “Novo julgamento
de decapitada revisa histeria ao misticismo”, de Renato Grandelle, publicada no
Globo, em 24/10:
Ninguém gostava
da italiana Maria Bertoletti Toldini. Em 1715, ela era uma viúva sem filhos,
recém-casada com um sacerdote e empenhada em disputar uma herança com sua
antiga família. Os parentes deram o troco. Foram ao juizado da pequena cidade
de Brentonico e a acusaram de bruxaria. Ela teria cozinhado um menino de 5 anos
e, com seus feitiços, arruinado a lavoura local. Maria foi decapitada e teve o
corpo queimado em praça pública.
Depoimento de uma presidiária negra
na matéria “A justiça é branca e rica” publicada por Djamila Ribeiro na Carta
Capital em 22/10:
Quando fui
presa, trabalhava como carroceira e morava nas ruas, embaixo do viaduto do
Glicério. Eu tava na cracolândia e o policial me levou. Eu engoli três pedras
de crack pra não ser presa. Já perdi as contas de quantas vezes vim pra cá. A
primeira vez foi com 17 anos quando fui para a Febem, e hoje tenho 49 anos. Já
vivi mais aqui do que lá fora. O que eu quero hoje é poder ficar com minha
filha mais perto e meu neto. O pai do menino a polícia matou e eles querem
levar meu neto para a adoção, mas eu não vou deixar.
Entre um e outro caso, 300 anos se
arrastaram. E ainda há quem ache que a luta feminista não tem razão de ser. São
os mesmos que estão prontos a reacender antigas fogueiras.
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