A Agência Pública publicou “396 mortes pela PM paulista:
as histórias por trás dos BOs”. A reportagem de Ciro Barros, Iuri Barcelos e
José Cícero da Silva analisou 330 boletins de ocorrência relacionados a 396
mortes por intervenção policial em São Paulo, em 2014.
Os resultados mostraram o que já se sabe. A grande
maioria das vítimas dos policiais eram jovens negros, entre 15 e 29 anos. Além
disso, os dez bairros mais ricos de São Paulo registraram uma mortalidade
policial 27 vezes menor que nas outras regiões. Portanto, os dados voltam a
confirmar que as vítimas da polícia têm idade, cor e endereço bem definidos.
Mas há uma informação que merece atenção. Enquanto 396
vítimas civis foram mortas, nenhum PM morreu e apenas 17 ficaram feridos. Por
outro lado, no ano passado, oito policiais militares morreram em serviço e
outros 129 ficaram feridos. Mas “a maioria desses casos não ocorreu em
situações envolvendo mortes de civis pela PM”, diz a matéria.
Esses números desmentiriam a ideia de que a alta
letalidade policial resulta de ações contra bandidos fortemente armados e
violentos. Além disso, mostrariam que há alguns setores da PM encarregados de executar
criminosos ou suspeitos e outros, abandonados à sua própria sorte.
Em comum entre os que morrem e os que matam, salários
baixos e origem pobre. A diferenciá-los o apoio que os últimos recebem da alta
hierarquia, desde o governador aos coronéis. Para estes, só importa que os
mortos, civis ou militares, continuem a ser os mais pobres e pretos.
Como alertou
o jurista Eugenio Zaffaroni, à criminalização da pobreza,
corresponde sua “policização”.
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