Em meio a uma crise tão dura, que tal
falar de amor?
Melhor, não. O documento recentemente
lançado pelo Papa Francisco sobre o tema também tem causado muita confusão.
Segundo muita gente “Amoris laetitia”
(“A alegria do amor”) estaria abrindo a Igreja aos divorciados, pregando
tolerância cristã aos homossexuais etc. Não é bem assim.
O “New Ways Ministry”, grupo de defesa voltado à comunidade
católica LGBT, por exemplo, afirma que ninguém esperava “uma bênção para o
casamento entre pessoas do mesmo sexo”, mas uma “mensagem afirmativa a eles”.
No lugar disso, “os mesmos comentários mal informados”.
Já Marco Politi, em reportagem publicada
no jornal “Il Fatto Quotidiano”, em 12/04, esclarece que o documento papal é
baseado no relatório final de uma reunião geral dos bispos católicos realizada
em 2015. Mas resultou muito mais moderado que as posições aprovadas na
conferência.
No caso do casamento gay, havia um “reconhecimento
também do caráter positivo da vida de casal homossexual”. Mas na redação de
Francisco, a condição homoerótica foi tratada de forma puramente negativa na seção
“Iluminar crises, angústias e dificuldades”.
Além disso, todos os trechos da “Amoris
laetitia” sobre homossexualidade já faziam parte de documentos do papa arquiconservador
Bento 16.
Quanto aos divorciados, o relatório
dos bispos admitia que eles “poderiam ter acesso à comunhão, satisfeitas certas
condições”. Pelo documento papal, cada caso será analisado pelo sacerdote de
plantão. Procedimento que já é prática comum.
As mansas palavras de Francisco não mudarão
uma instituição ultraconservadora como o Vaticano. No lugar do respeito a toda
forma de amor, permanece a vocação para ceder apenas a paixões alimentadas pela intolerância.
Leia também: O Vaticano, entre a cruz e o Kremlin
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