“Por que diabos as pessoas apoiam a direita?”, pergunta o
jornalista mexicano Alberto Rodriguez em texto publicado pelo portal
IHU-Online, em 21/10.
Rodriguez encontrou uma possível resposta ao conversar
com Gernot Ernst, um neurobiólogo e cientista social norueguês que é consultor
científico do Partido da Esquerda Socialista de seu país. Contra a direita, diz
ele:
A esquerda argumenta. Mas nos
esquecemos da organização. E para a organização precisamos de mais tempo.
Perdemos os trabalhadores onde não temos sindicatos, e com certeza, nesses
lugares, devem haver companheiros que sofrem e lutam. Essa é a nossa força.
Quando estarmos ajudando em pequenas coisas, eles irão escutar, irão recordar o
que é o mais importante e irão lutar também.
Ernst também dá algumas sugestões que Rodriguez chama de
"Dicas do Dr. Gernot Ernst para evitar que as pessoas apoiem a direita, e
que, sim, apoiem a esquerda":
Exemplifique para as pessoas normais.
Explique os problemas e argumente com base nas experiências de pessoas comuns,
com os quais o público se sente identificado.
Menos discurso, mais perguntas.
Evite impor suas ideias. Pergunte, para que as pessoas descubram a verdade por
si mesmas.
Utilize exemplos históricos. As
pessoas não têm consciência histórica. Recorde-os o que aconteceu no passado,
para que não cometam os mesmos erros, e recordem os velhos êxitos.
A direita manipula, a esquerda
organiza. É válido você utilizar alguns dos métodos
da direita, tais como o uso de imagens e definições. Mas não se esqueça do mais
importante: a organização social é a chave.
Sim, parece receita de auto-ajuda. Mas é bem melhor que
nossas fórmulas de auto-destruição.
O título me atraiu muito, pensei: até que enfim encontramos algo mais simplificado para resolvermos nossos problemas com as massas. Achei também muita graça, mas acho que não concordo muito com a fórmula. Mas, vamos continuar tentando. Lembrei do Bolero de Ravel, ele compôs porque queria uma música clássica que pudesse ser simples para o cidadão não acostumado às diabruras dos clássicos, algo que pudesse ser assoviada e cantarolada. Acho que a esquerda precisa do seu Bolero de Ravel. Lembrei de outra (hoje estou de morte), acho que foi o Gorki que propôs que deveríamos fundar o comunismo como religião para ficar mais próximo do cidadão comum. Essa não é um bom bolero. Abraço, Serginho. Saudades.
ResponderExcluirTudo bem, Marião, que precisamos de um bolero de Ravel, concordo. Mas o que disse o Gorki me parece ser exatamente o contrário disso. É quando falamos mais do que ouvimos, despejamos fórmulas na cabeça das pessoas e desprezamos as dúvidas e incertezas dos “normais” que agimos como uma religião. Isso, na melhor das hipóteses. Na pior, não passamos de seita.
ExcluirAbraço
Inquietante o texto e muito desafiador. Há muito ação não fundamentada. Há tempos que IHU-online fala sobre essa temática. É talvez há que pausar e refletir.
ResponderExcluirÉ impressionante sentir como o campo da esquerda, tornou-se hábil em repelir a diferença.
É verdade. Obrigado pelo comentário.
ExcluirAbraço