Um fenômeno recente do mercado de entretenimento é a chamada “uberização” da pornografia.
Tudo começou com o surgimento de plataformas como a OnlyFans. Criada em 2016, o aplicativo destinava-se apenas a celebridades que disponibilizariam fotos e vídeos exclusivos para fãs que se dispusessem a pagar.
Rapidamente, porém, tornou-se uma fonte de material pornográfico. Inclusive, com postagens feitas por estrelas e astros do mercado pornô tradicional. Muitos alegam que o uso da ferramenta proporciona maior liberdade de criação e controle sobre os recursos arrecadados.
Pode até ser, mas tudo indica que se trata de mais uma forma de precarização do trabalho. A indústria pornográfica tradicional já é uma atividade pouco fiscalizada em relação à regulamentação trabalhista por causa do desprezo social que a cerca. Agora, com a chegada das plataformas ao setor, a situação deve ficar pior ainda.
Além disso, tal como aconteceu com motoristas, entregadores e outros profissionais vinculados a aplicativos, os prestadores do serviço da indústria sexual caem vítimas da superexploração imposta pelas plataformas que monopolizam os segmentos em que atuam.
Por fim, não são raros os casos de “influencers” com graves moléstias físicas e mentais decorrentes dos esforços para manterem seus seguidores, enquanto geram cada vez mais lucros para Youtube, Instagram e outras plataformas virtuais. Os mesmos problemas começam a se manifestar na pornografia “uberizada”.
É antiga a polêmica sobre as diferenças entre pornografia e erotismo. Há quem defenda que a primeira seria uma versão grosseira do último. Mas pornográfico mesmo é o crescente assédio do capitalismo sobre todas as esferas sociais, tornando a vida humana uma versão grosseira de si mesma.
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Mon die. Lendo rapidamente o título pensei que os aplicativos estavam intermediando a prostituição, o que de alguma forma também existe, mas imaginei uma reserva de mercado como o Uber em relação à prostituição. Belíssima a denuncia do último parágrafo.
ResponderExcluirValeu!
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