“Os Direitos do Homem”, de Tom Paine; “O Fim da América” de Naomi Wolf; “Desobediência”, de Howard Zinn. Estes e outros livros foram estudados pelos detentos da prisão Pelican Bay, na Califórnia, na primeira década deste século.
Mas a obra mais lida e debatida era a biografia de Bobby Sands, líder da comunidade dos homens-cobertor do sistema prisional de Belfast. Foi essa leitura que inspirou nos detentos a ideia de organizar uma greve de fome.
Confrontados com uma morte longa e lenta dentro do sistema, os prisioneiros já não “tinham nada a perder”. O movimento começou em 1º de julho de 2011, exigindo o fim do confinamento solitário. Demanda amplamente divulgada, inclusive em outros presídios.
Em outubro de 2011, uma segunda greve de fome envolveu todo o sistema carcerário da Califórnia, abrangendo 18 mil detentos. Em julho de 2013, mais de 30 mil prisioneiros daquele estado aderiram a uma terceira greve por 59 dias. Possivelmente, o maior movimento desse tipo na história mundial.
Na mesma época, começou a circular o “Acordo pelo fim das hostilidades raciais”. O documento pedia a todos os grupos raciais nas prisões californianas que acabassem com a violência de uns contra os outros.
A grande maioria desses detentos foi condenada por crimes comuns. Sua conscientização e resistência não surgiram de experiências políticas prévias, mas como resposta à injustiça e desumanidade do sistema.
É mais um relato do livro “Vivendo nas Fronteiras do Capitalismo”, de Denis O'Hearn e Andrej Grubačić, sobre o surgimento de espaços libertários nas brechas do capitalismo e nos lugares mais improváveis. Porque lutar por liberdade nunca é improvável.
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