Em 26/10/2023, Ronaldo Lemos publicou um artigo na Folha lembrando o “aniversário de seis meses” da carta do Instituto Futuro da Vida. Um documento que causou polêmica ao acusar a inteligência artificial (IA) de representar “riscos profundos para a sociedade e a humanidade" e defender a interrupção das pesquisas relacionadas a essa tecnologia e a criação de regulamentações sobre seu desenvolvimento e aplicação.
Segundo Lemos, nesse período, só houve avanços na regulamentação da IA em três campos: direitos autorais, proteção dos dados pessoais e relações trabalhistas. Os dois primeiros envolvem os direitos de propriedade. Normal que sejam alvo de preocupação da ordem dominante. Já os avanços de caráter trabalhista citados no texto restringem-se ao acordo que encerrou a greve dos roteiristas de Hollywood. Algo muito pontual, apesar de envolver a poderosa indústria do entretimento.
Mas o que chama a atenção no texto é o cinismo dos gigantes que controlam as redes virtuais. Entre os mais de 30 mil signatários da tal carta aniversariante, estavam Elon Musk e executivos da Google. O primeiro criou sua própria empresa de inteligência artificial, meses após o lançamento da carta. A Google também não demorou a lançar seu smartphone baseado na nova tecnologia.
Em suma, conclui o articulista, a carta acabou se tornando uma grande jogada de marketing capaz de acelerar, em vez de reduzir, a expansão das empresas de IA.
Ou seja, na ausência de um grande movimento anticapitalista a partir de baixo, os de cima encenam suas farsas e seguem agindo contra os interesses da grande maioria da humanidade. Isso, sim, é muito inteligente. E pérfido.
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