Capa da revista Carta Capital de 01/08: “Reforma agrária, descanse em paz”. A reportagem constata o esquecimento a que foi condenada a luta dos trabalhadores rurais pelos governos petistas. Diz que a concentração de terra continua a mesma desde o “alvorecer da ditadura”.
João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, confirma: “O Censo de 2006 revelou que a concentração é muito maior agora do que em 1920, quando recém havíamos saído da escravidão”.
Para Stédile, a Reforma “saiu da agenda no Brasil”. Explica que isso aconteceu “porque as burguesias industriais brasileiras nunca tiveram um projeto de desenvolvimento nacional”. Explica, mas nem tanto.
Que a “burguesia brasileira” não quer reforma agrária não é segredo faz mais de 100 anos. Precisa explicar porque é que um governo apoiado pela maioria da liderança do MST nada faz.
Plínio de Arruda Sampaio afirma que o MST virou uma espécie de ONG, com militantes transformados em agentes do Estado. Stédile discorda. Diz que os Sem-Terra nunca deixaram de lutar.
Não é o que se deduz de dados de matéria de João Carlos Magalhães para a Folha. Publicada em 01/08, a reportagem tem como título “Gasto com reforma agrária é o mais baixo em dez anos”. Segundo o texto, o número de famílias acampadas teria caído de 59 mil, em 2003, para 3.579 em 2010.
A reportagem de CartaCapital cita o programa “Brasil Sem Miséria”. Na zona rural, ele vai oferecer uma ajuda em dinheiro, sementes e cisternas. Distribuição de terra, de jeito nenhum.
É a cara do lulismo. Acalmar os de baixo. Deixar em paz os de cima.
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