Mas
não basta que lutemos pela popularização da leitura. É o que mostra resenha de Rosana
Lobo publicada no Globo, em 20/10. O excelente texto fala da nova obra da
crítica Regina Dalcastagnè. Trata-se de “Literatura brasileira contemporânea:
um território contestado”.
Rosana
cita dados que a autora coletou sobre a produção literária nacional. Entre eles, “quase
três quartos dos romances publicados (72,7%) foram escritos por homens; 93,9%
dos autores são brancos; o local da narrativa é mesmo a metrópole em 82,6% dos
casos”.
O resultado desse quadro é desanimador: “O homem branco é, na maioria das ocorrências, representado como
artista ou jornalista, e os negros como bandidos ou contraventores; já as
mulheres, como donas de casa ou prostitutas”.
A
resenhista conclui de maneira perfeita: “Os números da pesquisa reforçam a
ideia de que a literatura não é neutra e tampouco está acima de outros meios de
representação como a política, o jornalismo ou a televisão. O campo literário
também é excludente, também silencia. Ao contrário de Regina”.
Ou
seja, não adianta apenas garantir amplo acesso aos livros. Também é preciso que
arranquemos sua produção das garras preconceituosas do mercado editorial. Na verdade,
é a mesma luta pela democratização da informação e da cultura. Os inimigos são os
mesmos monopólios a reproduzir preconceitos e distorções.
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