Uma das restrições determinadas
pelo Estado de Sítio é o direito a reuniões. Basta juntar mais de três para ser
alvo da repressão estatal.
Em 02/12, Douglas Belchior
publicou em seu blog “Shopping Vitória: corpos negros no lugar errado”. O
relato é sobre a repentina presença de muitos jovens negros em um centro
comercial da capital potiguar.
Eles vinham de uma festa funk
que havia sido interrompida pela polícia. Para fugir à violência fardada, vários
acabaram entrando no shopping. Foi o bastante para que consumidores e lojistas chamassem
a polícia alegando a ocorrência de um “arrastão”.
Os “intrusos” foram obrigados
a tirar as camisas e sair do local de mãos na cabeça e em fila indiana. Tudo isso
sob forte escolta policial. E debaixo do aplauso dos frequentadores do
shopping.
Em 20/11, Dia da Consciência
Negra, um suposto arrastão criminoso foi reprimido por um violento arrastão policial
numa praia da zona sul carioca. Logo depois, ficou decidido que ônibus vindos de
bairros pobres seriam revistados.
A medida foi comentada pela antropóloga
Julia O’Donnel na edição do Globo de 01/12. Segundo ela, a revista de ônibus “caberia
perfeitamente nos jornais que pesquisei em 1922”.
Não estamos sob Estado de
Sítio. Nem em 1922. Mas nada disso conta para quem tem a pele escura.
Ajuntamentos de negros distantes de seus precários locais de moradia continuam
a ser considerados perigosos.
Eles não precisam protestar, quebrar
vitrines ou esconder os rostos para serem tratados com tanta ou mais violência que
os black blocs. E, nesses momentos, o racismo estatal e a discriminação social também
deixam de usar suas máscaras.
Leia também: O
racismo ganha de goleada, sem jogar
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