O PT se aproxima de seu congresso nacional em
profunda crise. Não só pelos graves problemas do governo federal, nem devido
aos ataques dos conservadores. Há também os equívocos ligados à própria organização
do partido.
Um dos mais grave erros desse tipo foi abordado em uma reportagem do Globo
publicada em 24/05. A matéria fez um levantamento das teses que serão
discutidas no congresso, em junho.
Um dos temas destacados é o Processo Eleitoral Direto (PED), adotado a partir
de 1999 e no qual os dirigentes petistas são eleitos diretamente pelos filiados.
Seis das setes teses apresentadas propõem alterar radicalmente este processo,
apontando para seu abandono.
Na verdade, o PED contribuiu para transformar o PT em uma máquina burocratizada
e distante da militância. Trouxe para o partido o que a democracia formal tem
de pior. Não à toa, os documentos internos falam em despolitização, abuso de
recursos financeiros, filiações em massa e compra de votos.
Tentando superar esses problemas parte do coletivo partidário parece defender
uma espécie de reforma política interna para resgatar o antigo partido
militante. Mas para isso, seria preciso romper com o projeto que inspirou a própria
criação do PED.
Um projeto baseado na crença de que é possível conciliar os interesses de
explorados e exploradores, oprimidos e opressores em um dos países mais injustos
do planeta.
Uma visão tão equivocada que levou a uma política econômica incapaz de romper
com o neoliberalismo. E não só exigiu uma prática que afundou o partido no lamaçal
da política institucional. Também tornou impossível reformar o reformismo
falido do PT.
Leia também: Fator Previdenciário ou “vamos ver quem
é mais neoliberal?”
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