A grande votação obtida pelo Podemos nas eleições municipais espanhollas merece ser
comemorada. Em especial, o desempenho das candidatas à prefeitura apoiadas pelo
partido em Madri e Barcelona. Nesta última, foi eleita prefeita Ada Colau, líder
dos movimentos contra a onda de despejos provocados pela recessão.
Confirmada a vitória, uma foto dela passou a ser compartilhada aos milhares
nas redes virtuais. Trata-se da imagem de Ada sendo presa pela polícia
municipal que, agora, deverá comandar na condição de prefeita.
Mais que irônica, a foto retrata uma antiga contradição enfrentada pela
esquerda que ocupa o controle dos governos. Ada conseguirá manter a linha
combativa que a elegeu ou se tornará novamente prisioneira do aparato estatal, desta vez como comandante cujas ordens pouco valem?
Há muito tempo, sabemos que conquistar governos não significa controlar o poder.
Este costuma ter seu núcleo duro localizado principalmente nos aparatos policial-militar
e judiciário. Mas também conta com uma burocracia montada para servir ao poder
econômico e sem qualquer vocação para atender os interesses da maioria
explorada e oprimida da população.
Na Espanha não deve ser diferente. E é este o desafio que vai enfrentar o mais
jovem partido de jovens da esquerda espanhola. Nascido da resistência popular às
medidas recessivas dos últimos governos espanhóis, o Podemos caminha rumo às
eleições gerais em condições de vencer. Mas se o objetivo final se limitar à
conquista de votos, o Podemos poderá pouco.
Ainda assim, é preciso travar mais esta batalha. Cabe aos setores de esquerda aprenderem
com Syriza e Podemos para avançar além das vitórias eleitorais e da
administração dos negócios da burguesia.
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