Doses maiores

19 de maio de 2015

A internete, segundo Castells e segundo os monopólios

Manuel Castells é um sociólogo espanhol, especialista em redes virtuais. Em entrevista concedida à Folha em 19/05 fez algumas observações interessantes. Uma delas refere-se à agressividade verificada entre os participantes de meios como facebook ou twitter. Ele introduz a questão dizendo que a:
... comunicação social estava monopolizada até hoje ou pelo poder político, ou pelo poder econômico. Agora, a internet permite às pessoas comunicar-se diretamente sem passar por esses controles...
No caso brasileiro, Castells avalia que em nossa sociedade a agressividade “sempre existiu”.

Difícil discordar. Somos reconhecidamente um dos países mais violentos do planeta. Mas o sociólogo conclui, arriscando uma afirmação duvidosa: “A única coisa que a internet faz é expressar abertamente o que é a sociedade em sua diversidade. Trata-se de um espelho.”

Esta última afirmação conjugada àquela primeira dão a impressão de que a rede mundial é um meio neutro. Ela apenas permitiria a livre confrontação de ideias que são geradas fora dela. E isso está longe de ser verdade.

Não custa lembrar uma pesquisa realizada em 2011 pela
agência JWT. Seus dados indicavam que os grandes portais e mecanismos de buscas eram responsáveis por 75% de “pageviews” no Brasil.
Estamos falando de UOL, Terra, iG, Globo, Google, YouTube.

São poderosos meios que pautam grande parte do conteúdo da internete com seu conservadorismo, omissões e mentiras. Armam bolhas de algoritmos em que o preconceito e a intolerância são reproduzidos e realimentados e cultivam a mais vulgar alienação consumista.


O título da entrevista é “Simpatia do brasileiro é um mito, diz sociólogo Manuel Castells”. A livre expressão da internete também é, mestre Castells.

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