Acreditar que nossa vida social está condenada a existir de um único modo. Que
ela se limita a algumas possibilidades. Eis o que os conservadores e
reacionários tentam nos fazer crer a todo momento. Conceitos históricos congelados
fazem a alegria deles.
É o caso da infância. Nem sempre ela foi considerada um momento específico da vida humana. Somente a partir da Idade Média, nossos “filhotes” passaram a ser chamados de crianças. Até então, eram tratados como adultos não crescidos.
O reconhecimento dessa fase de nosso amadurecimento, porém, não implicou necessariamente um tratamento mais delicado. Os castigos físicos, incluindo pesadas surras de açoite, foram adotados como necessidades pedagógicas até muito pouco tempo atrás.
Mas as diferenças em relação à ideia do que seja a infância não dizem respeito apenas ao tempo histórico. Também podem variar segundo as sociedades. Cronistas do período colonial, por exemplo, diziam que os índios Tupinambá jamais batiam em suas crianças.
Os mesmos cronistas notaram a influência dessa tradição indígena entre muitos dos colonizados. Algo considerado condenável por combinar-se mal com as crueldades típicas da ordem escravocrata.
Portanto, o tratamento diferenciado e cuidadoso dispensado às crianças é uma conquista, não apenas como produto da “evolução dos costumes”. Mas, principalmente, enquanto luta contra a violência parental e pela adoção de valores baseados no respeito da espécie humana por si mesma.
E é esse respeito que sofre ameaças cada vez que se propõe a redução da maioridade penal ou a defesa do castigo físico na educação infantil. Seus defensores costumam unir a mais imatura das inconsequências com a mais caduca das intolerâncias.
Leia também: A redução da maioridade e o culto a Herodes
É o caso da infância. Nem sempre ela foi considerada um momento específico da vida humana. Somente a partir da Idade Média, nossos “filhotes” passaram a ser chamados de crianças. Até então, eram tratados como adultos não crescidos.
O reconhecimento dessa fase de nosso amadurecimento, porém, não implicou necessariamente um tratamento mais delicado. Os castigos físicos, incluindo pesadas surras de açoite, foram adotados como necessidades pedagógicas até muito pouco tempo atrás.
Mas as diferenças em relação à ideia do que seja a infância não dizem respeito apenas ao tempo histórico. Também podem variar segundo as sociedades. Cronistas do período colonial, por exemplo, diziam que os índios Tupinambá jamais batiam em suas crianças.
Os mesmos cronistas notaram a influência dessa tradição indígena entre muitos dos colonizados. Algo considerado condenável por combinar-se mal com as crueldades típicas da ordem escravocrata.
Portanto, o tratamento diferenciado e cuidadoso dispensado às crianças é uma conquista, não apenas como produto da “evolução dos costumes”. Mas, principalmente, enquanto luta contra a violência parental e pela adoção de valores baseados no respeito da espécie humana por si mesma.
E é esse respeito que sofre ameaças cada vez que se propõe a redução da maioridade penal ou a defesa do castigo físico na educação infantil. Seus defensores costumam unir a mais imatura das inconsequências com a mais caduca das intolerâncias.
Leia também: A redução da maioridade e o culto a Herodes
É a primeira abordagem que tenho conhecimento que resgata valores humanos fundamentais, históricos e sociais, para contrapor a "ideia" de redução da maioridade penal. Muito bom.
ResponderExcluirDeve ser por que argumentações com base nesses fundamentos têm pouo apelo em uma situação social em que discute-se quase somente gradações de violência, punição, castigo etc.
ResponderExcluirValeu, Marião!