No artigo “Cinco lições de história para antifascistas”, o historiador Mark Bray diz ser
necessário reconhecer a relação entre dois dos muitos registros do
antifascismo: o analítico e o moral.
O
registro analítico refere-se a “definições e interpretações do fascismo
ancoradas na história”. O registro moral
entra “em cena quando lentes antifascistas são aplicadas a fenômenos que podem
não ser fascistas, tecnicamente falando, mas que são fascistoides”.
Por
exemplo:
...os Panteras Negras estavam errados ao chamar os
policiais que mataram negros impunemente de “porcos fascistas”, mesmo que eles
não estivessem defendendo pessoalmente crenças fascistas ou mesmo que o governo
norte-americano não fosse literalmente fascista? Em uma manifestação
antifascista em Madri, vi uma bandeira do arco-íris com o lema “homofobia é
fascismo”. Será que a existência de homofóbicos não fascistas invalida esse
argumento?
Nesses
casos, o termo “fascismo”, diz Bray, se tornou:
...um significante moral que aqueles que lutam contra
diversos tipos de opressão usam para enfatizar a ferocidade de seus inimigos
políticos e os elementos de continuidade que eles compartilham com o fascismo
histórico. A Espanha de Franco pode ter sido antes um regime militar católico
tradicionalista do que um fascismo propriamente dito, mas tais diferenças
tiveram pouca importância para quem foi perseguido pela Guarda Civil.
É
por isso que:
Embora seja verdade que o epíteto “fascista” perca
parte da força se aplicado de forma muito difusa, um elemento fundamental do
antifascismo é promover a organização contra políticas fascistas e contra
políticas fascistoides, em solidariedade a todos aqueles que sofrem e lutam.
Questões conceituais deveriam influenciar nossas estratégias e táticas, não
nossa solidariedade.
Perfeito!
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