Os trabalhadores de
Ohio, Estados Unidos, têm saudades do tempo em que tinham empregos em grandes
fábricas. A cidade fica no chamado “cinturão enferrujado”, onde antes as indústrias
do “cinturão do aço” criavam muitas ocupações.
Em 2016, é inaugurada uma
fábrica chinesa de para-brisas na cidade. São dois mil empregos, dos quais
cerca de 20% reservados a operários vindos da China.
O otimismo se espalha
pela população local. Os empregos estavam voltando. E graças exatamente a que
vem sendo apontado como responsável pela maior parte do desemprego estadunidense.
Mas o capitalista chinês
à frente do empreendimento tem uma condição fundamental para manter a fábrica
funcionando. Nada de sindicatos. “Eles aumentam os custos”, diz Cao Dewang.
A princípio, os recém-contratados
estão muito felizes. Voltaram à vida produtiva, ainda que trabalhando por menos
da metade do que recebiam antes. Melhor que nada, afinal.
Mas logo surgem as contradições.
Os operários chineses têm uma cultura laboral própria. Muita submissão aos patrões
e chefes. Trabalho incessante, folgas apenas aos domingos e horários de almoço contados
em minutos.
Os trabalhadores
locais não aceitam esse ritmo. Também questionam o monopólio chinês dos cargos
de chefia. Os conflitos se multiplicam. Começa uma campanha por uma organização
sindical no local. A empresa faz terror e chantagem para impedir e é bem
sucedida.
Muito resumidamente este
é o enredo do documentário “Indústria Americana”, de Julia Reichert e Steven
Bognar. Vencedor do Oscar, merece ser visto. Mostra como a epidemia capitalista
se espalhou a tal ponto que o capital chinês dá aulas de exploração ao
imperialismo ianque.
A indústria é global. A
resistência também deve ser.
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Precisamos
debater a China. E muito
Muito boa esta situação prática para entender as formas de capitalismos, suas culturas etc. Faz a gente pensar. Como sabe não sou chegado a documentários, vou ver só porque vc indicou...rsss.
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