A primeira e única revolução vitoriosa feita por escravos aconteceu no Haiti, em 1791. Seu povo paga caro por isso até hoje. São mais de dois séculos de massacres organizados por seus ex-colonizadores e pelo imperialismo. Atualmente, esse tratamento cruel e covarde é promovido por tropas da ONU, travestidas de forças humanitárias.
Mas, uma história tão cheia de sombras também tem muitos personagens iluminados. É o caso de Joseph Antenor Firmin (1850–1911), provavelmente, o primeiro antropólogo negro. Sua grande obra é “Sobre a igualdade das raças humanas”, de 1885. Uma resposta ao “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas” de Arthur de Gobineau, de 1855. Esta última popularizou a estúpida idéia de que há uma superioridade racial branca.
O livro de Firmin desmonta a tese de Gobineau. Argumenta que “todos os homens são dotados das mesmas qualidade e falhas, sem distinção de cor e anatomia. As raças são iguais”. Além disso, mostra as conquistas dos povos negros. A riqueza de sua cultura na África e em outros lugares do mundo.
O infeliz tratado de Gobineau foi traduzido para várias línguas. Inspirou tragédias como o nazismo e o apartheid. Muito convenientemente, o livro de Firmin foi condenado à escuridão racista. Ainda que seja considerada obra fundadora da antropologia moderna, só foi traduzida para o inglês, recentemente.
Em pleno século 21, a luta contra o racismo continua dura. A tradução e ampla divulgação da obra de Firmin certamente jogaria alguma luz sobre uma noite que teima em fugir do amanhecer.
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