Em 09/08, Adriano Belisário publicou “A outra história
do Porto Maravilha” na Agência Pública.
Um resumo:
Escolhido como sede olímpica, o Rio de Janeiro escolheu
sua região portuária para passar por uma grande “revitalização”.
São 5 milhões de Km2 englobando três bairros
inteiros e pedaços de outros quatro. Mais de 60% de seus terrenos pertenciam à
União.
Os terrenos privados representavam apenas 25% da área.
Estado e município detinham aproximadamente 6% cada um. O restante era da
União.
Segundo o Censo de 2010, dos 10.098 domicílios da
região, apenas 611 possuem renda maior que três salários mínimos. O morro da
Providência reúne a maior parte dos moradores, concentrando 1.237 domicílios.
A ideia inicial era formar um consórcio público para
reabilitar a área, incluindo a construção de moradias populares.
Mas a proposta foi engavetada pelos governos municipal,
estadual e federal. No lugar dela, foi adotado um plano elaborado pela OAS,
Odebrecht e Carioca Christiani Nielsen.
Em 2006, a área já havia sido oferecida por Cesar Maia
para Parcerias Público-Privadas. Em 2009, as empreiteiras agarraram a
oportunidade.
A Caixa Econômica Federal injetou R$ 3,5 bilhões do
FGTS dos R$ 5 bilhões necessários à totalidade da operação. O mercado entraria
com o resto.
O mercado não entrou com o resto. Nosso FGTS desembolsou
mais R$ 1,5 bilhão. Eduardo Cunha teria levado R$ 52 milhões em propina para
intermediar a operação.
Mesmo assim, os “investidores” privados da área
ganharão isenção de impostos como IPTU e ISS por dez anos.
Mas tudo isso é muito coerente. É a região em que aportaram
tantos navios negreiros revitalizada para os escravocratas contemporâneos.
Leia também: O Museu do Amanhã encalhado
em sangue preto
Nenhum comentário:
Postar um comentário