O Rio de Janeiro pretende privatizar seus serviços de
saneamento básico. Bahia e Espírito Santo, também. Mas parece que é só o começo.
Segundo Luiz Roberto Moraes, professor da Universidade
Federal da Bahia, o tratamento de água e esgoto está para se tornar um grande “ambiente
de negócios” no País. Especialista da área, Moraes concedeu entrevista para Maíra
Mathias, publicada na revista da EPSJV/Fiocruz, em 17/08.
A política de saneamento básico, afirma ele, deve
integrar “um pacote de concessões proposto pela União como parte do Programa de
Parcerias de Investimento”. É o PPI, sigla nova para a velha privatização.
O entrevistado também diz que o capital privado está de
olho, principalmente, em abastecimento de água e esgotamento sanitário, serviços
que são tarifados e podem gerar grandes lucros.
O saneamento no Brasil alcança menos da metade dos lares.
Mas entregá-lo à iniciativa privada é enterrar de vez a possibilidade de sua universalização.
Que capitalista vai investir em esgotos em áreas pobres? Em nenhum lugar do
mundo isso funcionou.
O depoente cita estudo feito por Marcelo Libânio, da
Universidade Federal de Minas Gerais. O levantamento mostra que “os municípios
onde a prestação do serviço de água e esgoto era feita pela autarquia municipal
apresentavam os melhores indicadores para a sociedade”.
O contraexemplo vem do governo paulista, que vendeu ações
da Sabesp nas Bolsas São Paulo e Nova Iorque. Uma consequência foi a diminuição
dos investimentos em infraestrutura para enriquecer acionistas privados. A outra,
uma crise hídrica que não apenas continua como ameaça se espalhar.
Lembram do volume morto paulista? A próxima vez pode ser
em nível nacional.
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