Doses maiores

12 de outubro de 2016

Reformas fazem parte do caminho que o reformismo bloqueia

Prosseguindo a leitura do livro “Capitalismo e Social Democracia”, de Adam Przeworski, é importante trazer a contribuição de Rosa Luxemburgo.

Afinal, a grande revolucionária alemã foi duplamente pioneira ao tratar da dualidade reforma ou revolução que dá nome a seu mais famoso livro.

Por um lado, foi a primeira a denunciar os riscos do reformismo no interior do movimento socialista.

Por outro, Rosa apressou-se a advertir que opor reformas e revolução é uma das formas mais eficazes de abandonar a segunda para ficar apenas com as primeiras.

Tratava-se, dizia ela, de estabelecer uma relação dialética entre esses dois elementos, sem a qual a destruição do capitalismo permaneceria um objetivo distante e utópico.

São as reformas que colocam grandes parcelas do explorados e oprimidos em movimento, afirmava a autora. Mas é preciso mostrar que o reformismo não é apenas um caminho mais longo em direção a uma sociedade justa. Ele implica o próprio abandono desse caminho, concluiu.

Przeworski confirma essa avaliação quando diz que:

...o reformismo sempre foi justificado pela crença de que reformas são cumulativas, que constituem passos que levam em alguma direção. A atual política de socialdemocratas pela sua própria lógica não permite a acumulação de reformas.  

Em plena reversão das tímidas conquistas do período petista no Brasil, fica difícil discordar. Mas isso já aconteceu em outros momentos e em outros países. Por que, então, o caminho reformista segue resistente?

Parte da resposta a essa questão está relacionada ao “keynesianismo”. Segundo Przeworski, esta teoria econômica foi fundamental para a consolidação do reformismo na Europa. Este o tema da próxima pílula desta série.

Leia também: Ainda sobre a persistência do reformismo

2 comentários:

  1. Sergio, boa a serie. Eu acho que tanto no PT, como em outros partidos sociaisdemocratras europeus, não tem tensão, não tem dialética, não tem relação mais alguma entre reforma e revolução. É simplesmente o abandono da revolução em favor de só reformas. Aliás, não conheço nenhuma revolução que foi resultado do acúmulo de reformas. Abraços.

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    1. Valeu, Marião.

      Bom, na verdade, acho que revoluções quase sempre resultam de conquista de reformas, ou seja, de vitórias que aumentam a confiança da classe para um passo mais decisivo, mas isso tem que acontecer pela luta, não por maiorias parlamentares ou conquistas de governo por via eleitoral.

      Bração!

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