Por um
curto período, a contrarrevolução certamente imaginou que havia descoberto sua
arma mais letal sob a forma do alcoolismo. O plano assustador, concebido em
círculos clandestinos e que pretendia afogar a revolução na bebida antes de
afogá-la em sangue transformando-a num tumulto de multidões bêbadas, chegou a
ser executado seriamente. Em Petrogrado havia adegas fartamente abastecidas com
vinho e lojas repletas de licores finos. A idéia de saqueá-las logo surgiria na
multidão – mais exatamente, foi incentivada. Grupos frenéticos passaram a invadir as adegas de palácios, restaurantes e hotéis. Era uma loucura
contagiosa. Tropas de guardas vermelhos, marinheiros e revolucionários foram
destacadas especialmente para combater este perigo.
Em 2 de
dezembro, foi preciso criar, em Petrogrado, uma Comissão Extraordinária
Especial com plenos poderes para combater a praga. Foram impostas medidas
draconianas: saqueadores de depósitos de vinho foram fuzilados sem vacilação.
Em um discurso no soviete, Trotsky observou:
“A vodca
é uma força política tanto quanto a palavra. É a palavra revolucionária que
leva os homens a lutar contra seus opressores. Se não conseguirmos barrar o
caminho que leva aos excessos na bebida, tudo o que restará
para nossa defesa serão carros blindados
sem tripulantes. Lembrem-se: cada dia de embriaguez aproxima o outro lado da
vitória e da velha escravidão”.
“Em uma
semana, o mal estaria sob controle”, diz Serge. Mas o alcoolismo jamais deixou
de ser epidêmico na Rússia, antes, durante e após o período soviético. Talvez, nem
sempre tenha sido tão contrarrevolucionário.
Ah piada pronta: as grandes causas se unem.
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