Restrita a isso, a discussão cai num
moralismo inútil para entender os complexos processos históricos envolvidos
neste momento fundamental do século 20.
Para Lênin e Trotsky, uma revolução na
Alemanha era essencial para salvar a Rússia revolucionária de um isolamento
fatal. E, de fato, em janeiro de 1918, uma onda de greves varreu Áustria e
Alemanha, envolvendo meio milhão de metalúrgicos.
O problema, diz Chris Harman, em seu
“A People's History of the World”, é que os trabalhadores alemães continuavam
acreditando em suas direções reformistas, inimigas da Revolução Russa. Estas
ilusões eram suficientes para:
...permitir que participassem dos
comitês de greve. E foi neles que usaram sua influência para enfraquecer a
greve e garantir sua derrota. Rosa Luxemburgo, na prisão de Breslau, havia
previsto os perigos que enfrentava a Rússia em uma carta à esposa de Karl
Kautsky, Luise, em 24 de novembro:
“Você se alegra com os russos? Claro
que eles não vão se manter nesse Sabá de bruxas - não porque as estatísticas
revelam um desenvolvimento econômico muito atrasado na Rússia, como o seu
inteligente marido calculou, mas sim porque a socialdemocracia, no altamente
desenvolvido Ocidente, compõe-se de covardes que, ganindo, observarão tranquilos
os russos sangrarem”.
E seriam esses mesmos
socialdemocratas, já participando do governo alemão, que permitiriam o
assassinato de Rosa Luxemburgo, um ano depois.
Ou seja, pelo menos neste caso, a
palavra traição é a que melhor cabe para determinados contextos e seus atores
desprezíveis.
Leia também: Lênin e as revoluções: máximo respeito!
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