Em 1862, Marx
escreveu o seguinte sobre Ferdinand Lassalle, socialista alemão com quem
mantinha relações conflituosas:
...essa
mistura de judaísmo e germanismo, de um lado, e o estoque básico de negroide,
de outro, devem inevitavelmente dar origem a um produto peculiar. A
impertinência do sujeito também é do tipo crioulo.
Comentários vergonhosos
como esse, vez ou outra, aparecem nos escritos de Marx. E não só em relação a
Lassalle. Mas isso bastaria para caracterizá-lo como racista?
Em primeiro
lugar, tais opiniões estão registradas apenas em cartas. A grande maioria
delas, dirigidas a Engels, seu melhor amigo e confidente. Ou seja, tinham um
caráter muito pessoal e privado. É como se fossem aquelas conversas de boteco
em que muita bobagem é dita sem cuidado algum.
Em segundo
lugar, não há nada na obra de Marx que justifique discriminações desse tipo. Ao
contrário, toda ela é marcada por um constante esforço de desnaturalização das
diferenças entre povos e pessoas. Nela não há espaço para hierarquias raciais.
Isso não significa
ficar cego ao racismo de alguns de seus pretensos seguidores. Stalin, por
exemplo, era antissemita. Mas esta era só uma das muitas traições do ditador
soviético em relação às principais concepções marxianas.
Comemorar o
bicentenário do nascimento de Marx não significa destacar apenas suas inegáveis
qualidades. Ele não era racista, mas podia ceder a preconceitos raciais. E o
exame detalhado de sua correspondência pessoal certamente encontrará outras manifestações
discriminatórias.
O fato é que Marx
foi um grande revolucionário, mas também um homem de seu tempo. Na verdade, de nosso
tempo, ainda muito mergulhado em preconceitos e discriminações sociais.
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Super interessante essa reflexão! Nos da base para debater o argumento numa outra perspectiva. Sem negar o preconceito, porém deixando claro seu esforço em combatê-lo, e combatê-lo teoricamente, superando seus próprios preconceitos e limitações!
ResponderExcluirÉ isso aí, querida amiga!
ExcluirAbraço