Em meio ao debate sobre a fragmentação
da classe trabalhadora, importante atentar para as informações trazidas pelo
livro "Mastodontes" ("Behemoth", na edição inglesa), de Joshua B.
Freeman.
Trata-se de um estudo recente sobre
a presença das fábricas na história. Esta invenção tipicamente capitalista, diz
Freeman, está muito longe de perder importância.
Como lembra o autor, hoje, “a
maioria dos consumidores de produtos industriais nunca esteve em uma fábrica,
nem sabe muito sobre o que acontece dentro delas”. Mas poucas coisas de nossa
vida cotidiana não saem de suas linhas de montagem.
É verdade que atualmente apenas 8%
dos trabalhadores estadunidenses trabalham na indústria, contra 24% em 1960,
diz ele. Mas os números indicam que o mundo vive o auge da produção nas
fábricas.
De acordo com a Organização
Internacional do Trabalho, em 2010, quase 29% da força de trabalho global
trabalhava na indústria. E, obviamente, a China é responsável por grande parte
desse percentual.
Em 2015, 43% da força de trabalho chinesa
estava empregada na indústria. É lá que as maiores fábricas da história estão operando,
manufaturando produtos como smartphones, laptops e tênis de marca.
A China tem instalações com 100 mil,
200 mil ou mais trabalhadores. Uma empresa em Dongguan com 110 mil trabalhadores
é a maior fábrica de calçados da história. São um milhão de pares de sapatos produzidos
mensalmente para marcas internacionais como a Nike.
Tudo isso ajuda a explicar o
significado do título original do livro: na mitologia judaica, "Behemoth" é uma criatura
gigantesca e brutal. Em nossa realidade, esse monstro é o capitalismo. E ele continua
a criar seus potenciais coveiros.
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