Nos Primeiros de Maio durante a ditadura Vargas, anunciavam-se os benefícios concedidos aos trabalhadores pelo regime. Na ditadura empresarial-militar, a data era comemoração cívica que celebrava o “milagre econômico”.
Num e noutro período, militantes de esquerda, lideranças populares e sindicais eram torturados nos cárceres.
Grandes manifestações do Primeiro de Maio marcaram a ofensiva dos trabalhadores contra a ditadura dos generais na virada dos anos 70 para 80. Negociada pelo alto, a Nova República conviveu com Primeiros de Maio em que os explorados ainda assustavam os exploradores com sua disposição de luta.
Num e noutro período, o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores era a culminância de um processo de mobilização em fábricas, escritórios, bairros, escolas e universidades. A partir desses lugares, foram construídas as maiores greves gerais da história nacional.
Veio o neoliberalismo. Veio a ofensiva ideológica. As lutas e grandes mobilizações tornaram-se rarefeitas. E o dia de luta foi transformando-se em feriado de show. Os setores da resistência sindical e popular ainda eram significativos, mas crescentemente marginalizados.
Vieram os governos de esquerda. O show atraiu celebridades, mais verbas oficiais e muitos discursos chapa-branca. Os poucos e minoritários setores de esquerda não alinhados, cada vez mais acanhados em suas manifestações paralelas.
Tanto uns como outros, oficiais ou alternativos, já não eram eventos organizados. Eram apenas convocados. Não eram mobilizações. Eram... aglomerações.
Já havia algo no ar.
A pandemia nos trouxe finalmente o Primeiro de Maio que inaugura o século 21. Informalidade e precarização generalizadas, servidão de aplicativo, desemprego eternizado. Tudo isso bate às nossas portas.
E nós? Nós, aqui, presos a performances em janelas e “windows”.
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Pois é, chegamos a ver 1o de Maio de muita luta. A gente xingava os pelegos e anunciávamos um novo tempo. Sem show e muitos discursos envolvidos em muitas greves e lutas. Depois viraram shows de governo e centrais. E nunca mais fomos a um 1o de Maio.
ResponderExcluirTodo poder aos Precarizados..., bem quanto aos Soviets.....
ResponderExcluirHouve ainda aquele histórico 1º de maio de 1968:
ResponderExcluir"No dia 1º de maio de 1968, em um comício para celebrar o dia do trabalhador,
o governador do estado, Abreu Sodré, levou pedradas enquanto discursava na Praça
da Sé. Segundo José Dirceu e Vladimir Palmeiras o Movimento Estudantil e o
Agrupamento Revolucionário de São Paulo destruíram o palanque de Abreu Sodré na
Praça da Sé e colocaram o governador para correr. Ali ocorria o primeiro laço mais
forte entre o movimento estudantil, a classe operária e os revolucionários"
Fonte: http://www.memorialdaresistenciasp.org.br/memorial/upload/memorial/bancodedados/130834496382052192_FICHA_COMPLETA_IBIUNA.pdf
Sim, em plena ditadura. Ótima lembrança!
ExcluirObrigado