A greve dos entregadores de aplicativos ocorrida em 01/07/2020 parece ter sido um sucesso. Mas a falta de transparência em relação às regras utilizadas pelos aplicativos para pagar os entregadores também não permite conhecer qual foi o impacto do “breque”.
Trata-se de um contingente de trabalhadores nada desprezível. Segundo números publicados na coluna de Flávia Oliveira, do Globo, o IBGE estima que já são mais de 917 mil entregadores no País, ainda que nem todos trabalhem para aplicativos.
Eles têm até sindicatos, que costumam reunir mensageiros motociclistas, ciclistas e mototaxistas. Mas a grande maioria também precisa provar que tem patrões.
Os serviços de entregas por aplicativos alegam que apenas facilitam a intermediação entre fornecedores e consumidores. Não empregam, não determinam jornadas ou remunerações.
Tudo mentira. Há sistemas de pontuação, há punições disfarçadas de ajustes de demanda, os entregadores ficam em disponibilidade integral e a remuneração baixa os torna totalmente dependentes do serviço. Eles desaparecem na tal “intermediação” do mesmo jeito que seus patrões se escondem por trás dos algoritmos.
Os acidentes são muito frequentes e graves, mas não há qualquer assistência, seguro ou indenizações. Greves como a da semana passada resultam em imediato prejuízo. Enquanto isso, os “fura-greves” se beneficiam pela diminuição de oferta de entregadores.
Para aliviar essa situação seria preciso reconhecer a existência de relações trabalhistas entre entregadores e aplicativos, maior reivindicação da categoria.
Tal como os entregadores, muitos outros trabalhadores permanecem presos ao passado escravocrata do século 19. E se não os apoiarmos e imitarmos em sua capacidade de luta, o presente deles, será, em breve, o futuro da grande maioria de nós.
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