Um dos subprodutos da lógica do Orvil, a bíblia do fascismo nacional, é a produtora de vídeos “Brasil Paralelo”, criada em 2016. No livro “Guerra cultural e retórica do ódio”, João Cezar de Castro Rocha explica que a produtora:
...assumiu a tarefa de popularizar a versão do Orvil numa série de documentários históricos muito engraçados (não tinham fatos, não tinham nada), eivados de grosseiros erros factuais...
Um exemplo é o “O reino do terror vermelho”, “curso” oferecido por Lucas Ferrugem, um dos criadores da produtora. Em um trecho, ele afirma:
Na primeira pesquisa sobre Rússia, tu vai encontrar o nome dessas três pessoas Lênin, Stálin e Trotsky. Como que alguém como o Lênin, que vem duma classe média, consegue conquistar um território que, no War, é tão difícil de conquistar? Como é que o cara vira… Um aspecto de poder, mesmo… Como é que o cara vira, da classe média, o detentor dum poder unificado de toda a Rússia?
“War”...
Mais à frente, ele dá outra demonstração de completa ignorância de fatos históricos básicos:
O Hitler subiu [ao poder] em 1929 … Em 1939, desculpa!… E caiu em 1945. O Stálin subiu em 1924 e caiu na década de 1950, foi caindo gradualmente na década de 1950.
Não interessa que Hitler tenha chegado ao poder em 1933 e que Stálin tenha morrido em 1953 ainda muito poderoso. O que interessa é provar a hipótese delirante em que se baseia o Orvil: o “domínio dos vermelhos” sobre a “nação brasileira”.
Mas aqui precisamos discordar de Castro Rocha. Não, não é engraçado.
Nas próximas pílulas, mais tristezas. Infelizmente.
Leia também:
Orvil e justiça seletiva
O Brasil gramsciano que ignora Gramsci
Legal, tô gostando dessa série. Apesar do sacrifício que, imagino, ter que fazer para enfrentar essa massa de ignorância, acho importante e necessária.
ResponderExcluirÉ, não fácil. Mas facilita o fato de que o texto do livro tem uns comentários divertidos.
ExcluirValeu