Chegamos ao final das pílulas sobre o livro “Riding for Deliveroo”, de Callum Cant”. Em seu capítulo conclusivo, o autor cita reflexões de Raniero Panzieri sobre o papel da tecnologia no capitalismo.
Segundo esse teórico italiano do movimento autonomista, no capitalismo, as contradições ficam mais agudas nos ramos produtivos onde é esmagadora a preponderância do capital constante sobre o trabalho vivo. É aí que o investimento em tecnologia escraviza a força de trabalho humana de modo mais claro.
Panzieri estava se referindo à fabricação de automóveis, diz Cant, mas suas palavras se aplicam perfeitamente ao capitalismo de plataformas, como é o caso do Deliveroo e seu aplicativo de entrega de alimentos.
Em seu relato, Cant não quis mostrar apenas que mesmo os trabalhadores precários podem se auto-organizar. Mas que há três possíveis desdobramentos em sua luta.
Primeiro, novos desenvolvimentos tecnológicos nas plataformas para aumentar ainda mais a exploração e o desemprego no setor. Segundo, reformas superficiais, incapazes de atender as necessidades mínimas dos trabalhadores. Ou, terceiro, a expropriação das plataformas para colocá-las sob controle dos trabalhadores e a serviço da maioria da população.
Mas para chegarmos a esse último objetivo, o único aceitável, é fundamental que a luta dos trabalhadores do Deliveroo e de outras plataformas se tornem parte do movimento emancipatório da classe trabalhadora.
Na verdade, diz o autor, os trabalhadores estão se recompondo para formar um novo sujeito político. Mas um que continua a não ter nada a perder e um mundo a ganhar.
No Brasil, o livro de Callum Cant já está em pré-venda pela Editora Veneta. Merece que seja lido na íntegra.
Leia também: Algumas lições das lutas dos entregadores
Nenhum comentário:
Postar um comentário